Comandante do Exército considera ‘ultrapassada’ polêmica .
7 de abril de 2018
Comandante do Exército considera ‘ultrapassada’ polêmica provocada por tuíte sobre impunidade
Declarações de Villas Boâs geraram forte reação
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, participa de comissão do Senado Ailton de Freitas/Agência O Globo/22-06-2017 |
DANIEL GULLINO
BRASÍLIA — O comandante do Exército, general Eduardo Villâs, considera como
"assunto ultrapassado" a polêmica em torno das suas declarações sobre "repúdio
à impunidade", segundo informou ao GLOBO o chefe do Centro de Comunicação
Social do Exército (CCOMSEx), general Otávio Rêgo Barros.
Na terça-feira, véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF), Villas Bôas escreveu em sua
conta no Twitter que que o Exército "julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos
de bem de repúdio à impunidade".As declarações foram criticadas por organizações
como a Anistia Internacional, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação
Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Além disso, o Ministério Público
Federal (MPF) quer que o Ministério da Defesa dê uma explicação sobre um "eventual
risco de função interventora" das Forças Armadas,
Durante o julgamento do habeas corpus no STF, o ministro Celso de Mello também
recriminou a fala do general, dizendo que o respeito à Constituição é "indeclinável".
Sem citar diretamente o general, Celso de Mello disse que um comentário realizado
na terça por "altíssima fonte" foi "claramente infringente do princípio da separação
de poderes" e alertou contra "práticas estranhas e lesivas à ortodoxia constitucional".
— Nossa própria experiência histórica revela-nos que insurgências de natureza
pretoriana, à semelhança da ideia metafórica do ovo da serpente, descaracterizam
a legitimidade do poder civil instituído e fragilizam as instituições democráticas,
ao mesmo tempo em que desrespeitam a autoridade suprema da Constituição e das
leis da República — afirmou Celso de Mello.
Já o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que Villâs Boas é um
"soldado exemplar" e disse que ele em nenhum momento fez menção sobre um
"atalho no processo democrático".
— Eu repito, não houve qualquer pressão do general ou menção sobre atalho
no processo democrático. A gente vai, junto com todos brasileiros, decidir com
muita alegria qual será o futuro do Brasil em outubro, porque isso ninguém
vai tomar dos brasileiros e brasileiras. A democracia é algo consolidado e irreversível —
declarou Jungman.
O Globo/UNPP
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