Capitão do Exército entre manifestantes presos é investigada .

10/09/2016 21h19 - Atualizado em 10/09/2016 21h59

Presença de capitão do Exército

 entre 



manifestantes presos é investigada .

Manifestantes dizem que militar do Exército usou identidade falsa no Tinder.

Exército diz que circunstâncias ainda estão sendo investigadas.




Apontado como infiltrado por manifestantes é capitão do Exército
Willian Botelho é militar da área de inteligência e se apresentava no Tinder e no Facebook como Balta  Nunes
Imagem do perfil no Tinder de Wilian Botelho.






















A presença de um capitão do Exército entre o grupo de manifestantes presos no domingo (4), antes de um protesto contra o presidente Michel Temer em São Paulo, levantou a suspeita de que ele estivesse infiltrado no grupo. E motivou também questionamentos sobre a legalidade desse tipo de ação, se ela for confirmada.

Nas imagens registradas no momento da prisão aparece ainda um homem mais velho, de barba. O mesmo homem também está em uma das fotos ao lado de três jovens.
Imagens registraram o momento da prisão de 21 jovens, em frente ao Centro Cultural São Paulo (CCSP), próximo à Estação Vergueiro do Metrô, quando eles se preparavam para participar de uma manifestação contra o governo Temer. Com eles, foram apreendidos, entre outros objetos, um pequeno canivete e uma barra de ferro - que os detidos alegam ter sido plantada pela própria PM para incriminá-los.
A suspeita em relação a identidade do agente infiltrado foi inicialmente divulgada pelo site "Ponte Jornalismo", especializado em direitos humanos, Justiça e segurança pública.

Posteriormente, o caso foi abordado pelo jornal “El País”, que também identificou o homem como William Pina Botelho, um capitão do Exército infiltrado no grupo de manifestantes. A publicação afirma ainda que o militar se apresentava nas redes sociais como Balta Nunes.
Um dos manifestantes que foi preso no domingo e não quis ser identificado confirmou ao Jornal Nacional a denúncia de que o capitão usou um perfil falso no aplicativo de paqueras Tinder para monitorar manifestantes. E ele vai além: diz que os jovens foram encaminhados para uma delegacia e que Balta, como William se apresentava, não foi levado como eles.
"A gente foi enviado direto para o Deic, e quando a gente entrou no camburão, o Balta não foi junto. E aí, no chat que a gente tinha ali no Whatsapp, ele falou que o estavam mandando para tal DP porque estava com documento falso, que não sei o quê... Meio que morreu o contato. Ele insistiu um pouco na ideia e a gente achou suspeito. Como assim só ele vai para outro DP porque estava com documento falso?", disse o manifestante, relatando como começou a suspeita do grupo.
Na delegacia, os jovens passaram horas sem acesso à presença de advogados ou permissão para falar com as famílias.
O boletim de ocorrência não cita William, apenas diz que um homem que não se identificou chamou a atenção dos policiais para um grupo de manifestantes.
Neste sábado (10), a equipe de reportagem esteve no endereço de William Pina Botelho, na Zona Sul de São Paulo. O porteiro confirmou que ele mora no local, mas disse que não havia ninguém em casa naquele momento.
Posicionamento do Exército
Em nota, o Exército confirma que o capitão William é um oficial que atua no Comando Militar do Sudeste e confirmou que as circunstâncias da participação dele no ato, conforme questionado pela equipe de reportagem da TV Globo, ainda estão sendo apuradas.

"(...) O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Cap William Pina Botelho é oficial do Exército Brasileiro, lotado no Comando Militar do Sudeste. Com relação aos fatos questionados, as circunstâncias estão sendo apuradas", informou o Exercito em nota.
Secretaria nega parceria
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo diz que desconhece qualquer ação de inteligência que tenha sido realizada por qualquer outro órgão de segurança.
"O Comando da Polícia Militar de São Paulo nega a existência de uma operação conjunta na ocasião citada pela reportagem. A PM desconhece qualquer ação de inteligência que tenha sido realizada por outro órgão de segurança. A instituição também não conhece o homem apontado pela reportagem como um suposto oficial das Forças Armadas. O Deic desconhece a existência de um oficial infiltrado e garante que todos os detidos apresentados no departamento foram qualificados no boletim de ocorrência", informou a secretaria em nota.
Libertação dos detidos
No dia seguinte à prisão, a Justiça mandou soltar todos os jovens. Para o juiz Rodrigo Camargo, eles não tinham antecedentes criminais nem havia evidência de que houvesse intenção de praticar delito.
Ainda segundo o juiz, o Brasil, como estado democrático de direito, não pode legitimar a "prisão para averiguação".
Defensores criticam abordagem
O advogado Marcelo Feller, que defende cinco dos detidos, classificou as prisões como "políticas". Feller disse que as mulheres e adolescentes detidas tiveram que ser revistadas nuas por policias femininas, o que ele considera "desnecessário". "Foi uma violência psicológica", disse o advogado.
"Com nenhum deles foi encontrado pedras, materiais que pudessem servir para machucar quem quer que fosse. Ao contrário. Com eles, foi encontrado material para se proteger. Máscaras, vinagre, coisas do gênero", disse o advogado. Segundo ele, o canivete era do tipo suíço, utilizado como chaveiro, com tesoura para cortar unhas e outros pequenos utensílios.

O advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, cobrou que a secretaria apure a denúncia de que a PM plantou provas para incriminar os jovens. "Seriam paus, pedras que não estavam com eles", disse Ariel.
G1/UNPP

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