EB proíbe militares de jogar Pokémon Go em quartéis

18 de Agosto, 2016 -

Inteligência

EB

Para jogar Pokémon Go, faz-se necessário dar permissão ao aplicativo para usar a câmera, GPS, microfone e até dispositivos USB que estiverem conectados ao aparelho

Aloísio Morais / Correio do Brasil (RJ)

Por medida de segurança, o Exército está proibindo o Pokémon Go em suas organizações militares, confirmando as informações de que o brinquedo espiona por meio de fotos os locais onde se instala. Conforme especialistas, o aplicativo funciona como uma verdadeira máquina de coleta de dados ao armazenar informações “exatas e detalhadas” sobre cada movimento do usuário.
Semana passada, por exemplo, o chefe do 1º Depósito de Suprimento do Quartel em Triagem, Zona Norte do Rio de Janeiro, tenente coronel Allan Ares Pedrosa Pinto, baixou ordem de serviço sobre “Aplicativos para Smartphone”, proibindo, “terminantemente”, qualquer indivíduo de utilizar seu smartphone para jogos de entretenimento no interior da organização militar. “A guarnição de serviço deve estar permanentemente atenta em função dos riscos decorrentes do emprego destes aplicativos no interior do 1º DSup”, alertou.

“Atenção especial deve ser dada a um jogo recentemente lançado com o nome de Pokémon Go” observou. “Para jogar Pokémon Go, faz-se necessário dar permissão ao aplicativo para usar a câmera, GPS, microfone e até dispositivos USB que estiverem conectados ao aparelho. Ao aceitar a permissão, o celular encontra três pokemons de imediato. Em seguida, o aplicativo tira uma foto do local, incluindo as coordenadas e ângulo do smartphone, registrando o ambiente onde se encontra o usuário. Desta forma, pontos sensíveis da organização militar (OM) serão revelados, num flagrante atentado à segurança”, finalizou o militar.
Pokémon espião
O Pokémon Go foi criado pelo norte-americano John Hanke, fundador da empresa Keyhole, Inc, um projeto de mapeamento de superfícies comprado pelo Google e usado para fazer o Google Maps/Earth e Street View. Hanke é o responsável pela equipe que dirigiu o maior escândalo de privacidade na Internet, em que carros do Google, no percurso realizado para fotografar ruas para o Street View dos mapas online da empresa, copiou secretamente os tráficos de internet de redes domésticas, coletando senhas, mensagens de e-mail, prontuários médicos, informações financeiras, além de arquivos de áudio e vídeo.
A Keyhole foi patrocinada pela empresa In-Q-Tel, fundada pela CIA em 1999, conforme pode ser comprovado no site da empresa. Desta forma, indiretamente, a CIA poderia ter acesso a todos os mapas mas não conseguia entrar dentro das casas. Então surgiu o Pokemon Go, que, para jogar, é necessário dar permissão para o aplicativo usar câmera, GPS, microfone e até os dispositivos USB que estiverem conectados ao smartphone.

Ao dar permissão, o celular acha três pokemons por perto de imediato, e, ao procurar pokemons dentro de casa, permite que o aplicativo faça uma foto da sala de casa, por exemplo, incluindo as coordenadas e o ângulo do celular do usuário. Desta forma, são registradas fotos do ambiente onde o dono do celular mora, dando acesso ao aplicativo.
Geralmente, ninguém lê os termos de aceitação para usar o jogo, e lá está bem claro: “Nós cooperamos com agências do governo e companhias privadas. Podemos revelar qualquer informação a seu respeito ou dos seus filhos…” E o parágrafo 6 não deixa dúvidas sobre a espionagem: “Nosso programa não permite a opção “Do not track” (Não me espie”) do seu navegador. Portanto, está aberto um campo fértil para qualquer paranoia.
Risco evidente
Não é à toa que a comissária para a privacidade no estado alemão de Schleswig-Holstein, Marit Hansen, lançou um alerta sobre o Pokémon Go. Em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, publicada no último dia 5, ela afirmou que o jogo armazena dados “exatos e detalhados” de cada movimento dos usuários pelas ruas. “É uma máquina gigante de coleta de dados”, afirmou, observando que o aplicativo de realidade aumentada, além de espionar, também pode condicionar o comportamento do consumidor.
A Niantic, empresa da Califórnia que ajudou a desenvolver o jogo, colocou à disposição uma ferramenta de marketing para “deliberadamente orientar ” os usuários do jogo aos chamados ‘Pokestops’ em estabelecimentos comerciais. “O Pokémon Go é o ponto de partida para uma nova era de controle total”, afirmou o editor-adjunto do Handeslblatt, Thomas Tuma. “Os monstrinhos são os cavalos de Troia com os quais a indústria da internet abre o caminho para nossas cabeças e nossas carteiras”, acrescentou.
Por essas e outras, o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, determinou que o departamento correcional proibisse que os cerca de 3 mil criminosos sexuais do estado usem o Pokémon Go. O site da Niantic alerta que os usuários do Pokémon Go não podem ter menos de 13 anos para jogar.

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