RJ: briga na internet entre alunos do Colégio Militar e Pedro II gera protesto contra ofensas machistas .
24 de junho de 2016
Briga na internet gera ofensa machista e alunos do RJ protestam
Alunas do Pedro II dizem ter sido ofendidas por causa do tamanho da saia.
Direção do Colégio Militar diz que pretende realizar evento entre as unidades
Janaína Carvalho
Do G1 Rio
Alunas a alunos do Colégio Pedro II, na Tijuca, Zona Norte do Rio,
fizeram um “saiato” no início desta semana contra comentários machistas
que teriam partido de alunos do Colégio Militar em redes sociais. As
ofensas começaram após uma provocação entre alunos das duas unidades e
marcação de confronto entre os grupos. A briga acabou não ocorrendo na
sexta (17), mas as ofensas nas redes sociais aumentaram.
”Há uma rixa há muitos anos entre o Colégio Militar e o Pedro II e os
meninos estavam tendo essa briga no Twitter, inicialmente. Em um
determinado momento eles partiram para o machismo e começaram a ofender a
honra das meninas do Colégio Pedro II em função do uniforme. Até que
colocaram assim na página do anonimato: ‘Avisa para as meninas do
Colégio Pedro II que outros colégios pensam que elas são p... por causa
do tamanho da saia’. Alguns alunos do militar ainda apontaram algumas
meninas e marcar alguns perfis de meninas do Pedro II no twitter”,
afirmou a aluna M.K, que cursa o 9° ano e é presidente do grêmio do
Colégio Pedro II e organizadora do saiato.
Os comentários provocaram revolta entre os alunos, que exibiram cartazes
com frases como: “O tamanho da minha saia não me define o meu caráter
ou o nível da instituição que eu estudo”. Indignados, meninos e meninas
ocuparam a rua em frente ao Colégio Militar usando saias. “Pedimos
respeito, pois, independente da minha roupa, não mereço ser assediada na
rua, não mereço ser xingada, e não mereço ser ofendida”, afirmou a
aluna.
Os meninos do colégio também saíram em defesa das jovens. “O tamanho da
saia não é argumento para eles falarem um negócio desse. As garotas
merecem respeito. Tenho amigas aqui”, disse um aluno de 17 anos, que
cursa o 1° ano do Ensino Médio e estuda na unidade desde o 3° ano do
ensino fundamental.
As ofensas e a exaltação de ânimo entre os adolescentes fez com que a
Polícia do Exército, já que o Colégio Militar pertence ao Exército
Brasileiro, aumentasse a guarda no entorno dos colégios desde
sexta-feira.
O Comando Militar do Leste (CML) instaurou procedimento administrativo
para identificar os alunos envolvidos e, de acordo com o regulamento
disciplinar do Colégio Militar e o manual do aluno, a sanção pode ir
desde uma advertência, até a expulsão do colégio. Até a publicação dessa
reportagem a reitoria do Colégio Pedro II não havia respondido ao G1.
Para alguns estudantes, o saiato ajudou a abrandar os ânimos que estavam
se acirrando entre os alunos das instituições. “Entrei no twitter
depois do saiato e dessa vez me surpreendi não com mensagens ofensivas,
mas com frases de apoio e até de desculpas pelo que aconteceu”, disse
M.K.
Alunas do Colégio Militar também apoiaram o ato e torcem para que os
alunos convivam pacificamente daqui para frente. “Nada pode ser
resolvido na violência, seja ela física ou verbal. Alunos de dois
colégios tão tradicionais não podem resolver as coisas com briga, seja
ela física ou verbal”, diz a aluna B.S, do 2° ano do Colégio Militar,
que diz ter aplaudido os alunos do Colégio Pedro II durante o ato.
Ainda de acordo com o Comando Militar do Leste, a direção do Colégio
Militar entrou em contato com a direção do Colégio Pedro II para tentar
organizar algum evento conjunto e minimizar qualquer dificuldade de
relacionamento entre as unidades. “O Pedro II fica em frente ao Militar.
A divergência nunca foi institucional e sim pontual. Não é raro um
aluno daqui ter irmão estudando no Pedro II e vice-versa”, destacou o
tenente-coronel Lamas, responsável pela comunicação social do Colégio
Militar.
Algumas mães da Comissão de Pais do Pedro II apoiam o ato dos
estudantes, mas querem que as instituições tomem providências para que
não ocorra mais insitações à violência entre os colégios. "Isso tem que
parar aqui. Não pode continuar", afirmou Ana Cristina do Valle.
G1/UNPP
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