Caças Gripen: retorno financeiro e qualificação de engenheiros brasileiros.
Caças Gripen:
Em entrevista ao JB, representante da Defesa explica benefícios da parceria com a Suécia
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Para o brigadeiro, entretanto, a aquisição dos aviões da Saab é apenas o resultado de curto prazo com a Suécia. O diferencial, na sua avaliação, está na presença dos engenheiros brasileiros durante diversas etapas de produção. “Eles vão participar do desenvolvimento da aeronave, que é o que nos interessa. O Brasil já domina a tecnologia de apertar parafuso e dobrar lata, não é a toa que temos a terceira maior produtora de aeronaves do mundo, a Embraer. Mas os engenheiros e técnicos estarão lá por quatro ou cinco anos exatamente para absorver o que não sabemos. Essa é a única maneira que você tem de absorver tecnologia”, afirma.
O próximo passo é voltar ao Brasil para replicar o que foi aprendido. E isso será feito imediatamente, segundo Crepaldi, por meio da manutenção dos caças em uma planta de Embraer destinada exclusivamente a aeronaves militares em Gavião Peixoto, perto de Araraquara (SP). A longo prazo, ele afirma que o conhecimento adquirido trará retorno financeiro à indústria brasileira. “Além disso, passaremos a ter direito sobre os royalties de todo Gripen NG que for exportado. E nós também temos um acordo de cooperação na área de marketing mundial do avião”, explica o brigadeiro.
Uma das oportunidades futuras está na Finlândia, país que também fez parte do roteiro da presidente Dilma durante esta semana. De acordo com Crepaldi, o país foi autorizado a iniciar o processo de compra de um novo caça e, mesmo que o assunto não tenha sido abordado pelos governantes durante a visita, a indústria brasileira responderá por parte das exportações de peças e serviços caso o país opte pelo modelo Gripen NG.
Com desvalorização da coroa sueca, Brasil economiza US$ 1 bi
O Brasil ainda foi beneficiado pela desvalorização da coroa sueca frente ao dólar, que no ano já soma mais de 12%. Isso porque o contrato, assinado em outubro de 2014, foi feito nessa moeda. Na época, o montante equivalia a US$ 5,4 bilhões; hoje, gira em torno de US$ 4,5 bilhões. A economia de quase US$ 1 bilhão, segundo explica Crepaldi, não tem um destino específico. “A peça orçamentária é única. Isto é, o orçamento que o governo manda é feito para atender a todo o poder Executivo naquele ano. Então se eventualmente em um planejamento de ‘x’ você tem uma economia de ‘y’, isso entra no cálculo orçamentário do governo como um todo”, esclarece.
Na opinião do brigadeiro, a variação cambial sempre é um risco em contratos internacionais, mas realizar orçamentos em moeda local é costumeiro para que não haja disparidades com a composição de custos de cada empresa, geralmente realizada na divisa de seu país de origem. No entanto, para que se pudesse comparar as ofertas das três companhias envolvidas na concorrência em 2008 – uma francesa, uma norte-americana e a sueca Saab – o governo brasileiro converteu todos os valores para dólares.
No que diz respeito ao financiamento do acordo de compra dos 36 caças, as negociações se deram entre o Ministério da Defesa brasileiro e o banco de fomento SEK, da Suécia. Como resultado, se firmou uma taxa anual de juros de 2,19%, frente aos 2,54% inicialmente acordados.
Compra dos Gripen dá dimensão tecnológica a relações Brasil-Suécia, afirma Crepaldi
Durante a entrevista, o representante do Ministério da Defesa ainda afirmou que o contrato da aeronave Gripen empresta à parceria entre Brasil e Suécia uma “dimensão muito mais tecnológica”. De acordo com ele, o acordo demonstra o interesse das duas nações nas parcerias estratégicas a longo prazo. “O simples fato de Dilma ter ido com uma comitiva tão significativa à fábrica da Saab e de ter conversado com os engenheiros brasileiros que lá estão e suas famílias é uma mensagem da importância que a gente dá para esse programa”, explica.
Para Crepaldi, o interesse é recíproco. Ele pontua que a foto da presidente brasileira entrando na aeronave da Saab foi capa de quatro jornais da Suécia. Em paralelo, os dois governos fizeram uma reunião denominada high level group para definir grupos de trabalho sobre aeronáutica. “Ela foi importante porque estabeleceu áreas principais e assegurou que a gente começasse a expandir a cooperação. Pelo número de pessoas que estiveram presentes, vimos o interesse dos suecos nessa cooperação”, conta.
Por parte da Suécia estiveram no encontro, dentre outros representantes, os secretários de Estado da Defesa e da Tecnologia e Inovação, o comandante da Força Aérea Sueca e o vice-presidente da Saab. Os representantes do Brasil foram o comandante da FAB, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato; a presidente do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro, em São Bernardo do Campo (SP), Alessandra Holmo; e o presidente da Embraer, Jackson Schneider – além do próprio brigadeiro Crepaldi, representando o Ministério da Defesa.
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