Sargentos das Forças Especiais são feridos em tiroteio com traficantes.
26 de maio de 2015
Maré:
Atualização: 6h
Militares das Forças Especiais são feridos no Rio
Militares das Forças Especiais são feridos no Rio
Unidade de elite foi atacada por traficantes no Complexo da Maré, que ainda feriram um terceiro soldado.
Movimentação de policiais militares e de soldados do Exército em comunidades do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro(Gustavo Oliveira/Folhapress) |
Leslie Leitão, do Rio de Janeiro
Criado em 1983, em Goiás, o 1º Batalhão de Forças Especiais é
considerado a unidade de elite do Exército Brasileiro. O treinamento, um
dos mais difíceis do país, capacita o soldado que se aventura a quase
todo o tipo de missão, desde o planejamento e execução de ações de
contraterrorismo, contraguerrilha, fuga e evasão, resistência física e
psicológica. Se o Brasil entrar em guerra com alguma outra nação do
planeta, os FEs, como são conhecidos, serão os responsáveis pelos
reconhecimentos estratégicos e os primeiros ataques ao inimigo. Esta
apresentação dá uma dimensão do tamanho do problema em que a ocupação do
Complexo da Maré se transformou, na porta de entrada do Rio de Janeiro.
Na noite do último dia 17 de maio, dois desses "supersoldados" foram
feridos em confrontos com traficantes que, após mais de um ano de
ocupação, continuam a mandar no território.
De acordo com a assessoria da Força de Pacificação, além dos dois
sargentos FEs, um terceiro militar de outra unidade do Exército também
ficou ferido. "Foram ferimentos leves e receberam atendimento médico
imediato", informam, sem detalhes mais aprofundados de cada caso. O fato
é que desde 5 de abril de 2014, quando mais de 3 000 homens das Forças
Armadas ocuparam a Maré - atendendo a um pedido de socorro do então
governador Sérgio Cabral -, pelo menos 23 militares foram baleados e um
deles, o cabo da Brigada Paraquedista, Michel Mikami, de 21 anos,
morreu.
A pouco mais de um mês do término da missão, prevista para 30 de junho,
os militares, informalmente, admitem o temor de que outras baixas possam
arranhar ainda mais a imagem do Exército: "Se até a nossa tropa de
elite é atacada desse jeito, está claro que muita coisa deu errado",
afirma um oficial do Comando Militar do Leste, que pede para não ser
identificado.
Um novo vídeo postado nas redes sociais também mostra um pouco mais da
ousadia dos criminosos. No dia 21 de janeiro deste ano, um comboio com
cerca de 40 homens percorria as ruas da Favela Vila dos Pinheiros,
quando foi atacado. Na ocasião, dois militares se feriram. As imagens
mostram um confronto de mais de dois minutos ininterruptos. Depois de
tantos tiros de fuzil, um militar grita: "Para de atirar!", no que é
prontamente atendido.
Os bandidos, no entanto, continuam a atacar. E os militares voltam a
responder os tiros. E um deles diz: "Não queria ação? Taí ação".
No mês passado VEJA mostrou as relações promíscuas de alguns militares
com traficantes, chegando a avisar os bandidos de uma operação que seria
realizada pela Polícia Civil em junho do ano passado. Com o vazamento,
os bandidos do Morro do Timbau retiraram todo o arsenal que estava
escondido ali e levaram para outra parte da Maré. Essa relação, no
entanto, não foi a tônica da ocupação: "Muita gente passou a se omitir
mesmo para não morrer. Essa guerra não é nossa", diz um cabo, que foi
atacado várias vezes. Numa única semana durante a missão, a Força de
Pacificação chegou a se envolver em 80 confrontos diferentes.
Veja/UNPP
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