Ucrânia vai investir US$ 3 bi no Exército.

Investimento de  US$ 3 bi no Exército
25 Ago 2014

Em Donetsk, soldados capturados são obrigados a desfilar ao lado de separatistas


KIEV - A divisão na Ucrânia - que nos últimos meses vive uma guerra separatista no Leste do país, liderada por rebeldes pró-Rússia - ficou ainda mais evidente ontem, durante as comemorações pelo Dia da Independência. Enquanto na capital, Kiev, os ucranianos, muitos com lágrimas nos olhos, festejaram os 23 anos da Ucrânia, em Donetsk os rebeldes fizeram soldados capturados desfilarem algemados, em uma grande humilhação em praça pública.
Em Kiev, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, discursou antes do desfile militar e disse que o "país demonstrou que pode se defender". Ele anunciou que o governo vai investir mais de US$ 3 bilhões para modernizar o Exército. O dinheiro será empregado para reequipar as Forças Armadas entre 2015 e 2017.
- A guerra não é uma iniciativa nossa, ela nos foi imposta. Nossa escolha é a paz, mas quem quer paz deve se preparar para a guerra - assegurou o presidente.
Poroshenko afirmou que o país estava travando "uma guerra contra a agressão externa, por seu povo, e por sua independência", numa aparente referência à Rússia. E ressaltou que era preciso evitar erros do passado, como quando, após proclamar a independência da União Soviética, o país não se preocupou em reforçar o Exército. Para ele, outro grave erro foi entregar as armas nucleares. O presidente também aproveitou para agradecer o apoio que vem recebendo da comunidade internacional.

BLINDADOS DESTRUÍDOS

Em uma enorme parada, colunas de blindados, lança-foguetes e sistemas de defesa antiaérea desfilaram na praça central de Kiev. Milhares de ucranianos com bandeiras com as cores do país, azul e amarelo, assistiram ao desfile na capital e aplaudiram um pelotão que retornava das zonas de combates.
Em Donetsk, a festa foi diferente. Quase cem soldados ucranianos capturados por separatistas marcharam cabisbaixos no centro da cidade, enquanto a multidão que assistia ao desfile jogava garrafas d'água, rolos de papel higiênico, farinha e gritava: "fascistas, fascistas". Um rebelde teve que segurar um homem que tentou golpear um prisioneiro. "Mate-os", gritou uma mulher.
- Eles estão atacando nossa cidade. Eles são fascistas. Eu sou a favor desta parada - disse Tonya Koralova, de 46 anos, uma enfermeira que assistia ao desfile.
Um alto-falante tocava uma música patriótica do compositor russo Tchaikovsky, "Slavonic March". Atrás dos prisioneiros, dois caminhões-tanque jogavam água e sabão, demonstrando que era preciso limpar o solo por onde passavam os soldados ucranianos.
Os rebeldes expuseram na Praça Lênin os tanques e blindados capturados das Forças Armadas ucranianas. Os veículos estavam destruídos.

SEM TRÉGUA

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Andrei Lisenko, desmentiu informações de que as localidades Severodonetsk e Telmanovo estariam agora nas mãos dos rebeldes. Os separatistas, por sua vez, afirmaram ter eliminado 150 soldados ucranianos nos últimos dois dias.
- Os mercenários russos estão tentando estragar a festa com mentiras - disse Lisenko, confirmando apenas cinco mortos e oito feridos nas últimas 24 horas.
Mesmo com as comemorações pelo Dia da Independência, não houve trégua na guerra. Ontem, após o bombardeio a uma igreja na região de Donetsk, cinco civis foram mortos. Desde o início dos confrontos, mais de duas mil pessoas morreram, segundo a Organização das Nações Unidas.

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