Policiais Federais em pé de guerra .

Pé de guerra
22 Fev 2014

RENATA MARIZ


A já esgarçada relação entre os delegados e os demais profissionais da Polícia Federal — agentes, escrivães, papiloscopitas e peritos — ganhou um novo capítulo. Em ofício encaminhado diretamente ao diretor da instituição, Leandro Daiello, a Federação Nacional de Delegados da Polícia Federal (Fenadepol) pede a "adoção de todas as medidas preventivas e repressivas" contra os integrantes da corporação que, em greve, estariam dificultando o acesso de quem não aderiu ao movimento aos prédios da PF. A reclamação formal, elaborada depois de um bate-boca entre um delegado e um agente durante uma paralisação das atividades, no último dia 7, acirra ainda mais os conflitos internos pelos quais a instituição passa.
De um lado, a Fenadepol afirma que o delegado Luiz Eduardo Navajas, da Interpol, foi "violentamente atacado e desrespeitado" na presença da mulher, que o conduzia de carro até a Superintendência da PF, em Brasília, durante a mobilização de agentes, escrivães e papiloscopistas batizada de "algemaço". De outro, integrantes do movimento garantem que o veículo avançou em direção a eles, gerando um clima de exaltação. "É lamentável que parte da categoria sustente uma versão inverídica do episódio. A imprensa noticiou a atitude do delegado. Nós, inclusive, registramos boletim de ocorrência por agressão", diz Flávio Werneck, presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal e uma das lideranças na paralisação.

 

Acesso garantido

No ofício, por sua vez, a Fenadepol pede "apuração do fato, suas circunstâncias e autoria, por meio do procedimento legal cabível". O presidente da entidade, Antonio Gois, confirmou o envio do documento ao diretor-geral da PF, explicando que o intuito é garantir o acesso às unidades da PF aos delegados que não aderiram à greve. "Não podemos aceitar a violência, seja de que natureza for, ainda que verbal, especialmente de profissionais que têm por dever e missão coibir ilícitos penais", defende Gois. "Não somos contra manifestações, mas há de se entender que as normas legais impõem limites que devem ser observados por todos."
O protesto em que aconteceu o desentendimento entre o delegado e os manifestantes faz parte de uma mobilização nacional conduzida por agentes, escrivães e papiloscopistas da PF neste mês. Entre outras questões, eles reivindicam uma reposição salarial em relação à inflação, de cerca de 38%. Em 2012, o mesmo grupo cruzou os braços por mais de 60 dias. O governo ofereceu, à época, um aumento de 15,8%. Mas eles não aceitaram. Agora, tentam reabrir a negociação com o Ministério da Justiça — chefiado por José Eduardo Cardozo —, pasta à qual a PF é ligada. Até o momento, não há, porém, expectativa de que o governo vá ceder, dando fim à paralisação.

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