Alunos do ITA fazem a primeira paralisação da história
30 de Agosto, 2013 - 00:59 ( Brasília )
Defesa
Por Casimiro Montenegro - Alunos do ITA fazem a primeira paralisação da história
Alunos do ITA fazem a primeira paralisação da história do instituto. Eles reivindicam reforma nos sistemas avaliativo e pedagógico; reitor promete atender
Alunos do
ITA fazem a primeira paralisação da história do instituto eles
reivindicam reforma nos sistemas avaliativo e pedagógico; reitor promete
atender Foto - O Globo
Nota DefesaNet
Casimiro Montenegro, oficial da Aeronáutica, foi o criador do ITA.
O Editor
RIO — Alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São José do Campos (SP), fizeram a primeira paralisação da história da instituição, nesta terça-feira (27). Os estudantes reividicam uma reforma nos sistemas avaliativo e pedagógico, entre outras reclamações. Um dos cartazes do protesto trazia dizeres como “Não é Bin Laden, é professor do ITA”. O reitor Carlos Américo Pacheco se reuniu com os alunos e professores e, em entrevista ao GLOBO, prometeu atender parte das demandas ainda neste semestre. Nesta quarta (28), as atividades voltaram à normalidade.
Segundo o presidente do Centro Acadêmico Santos Dumont (CASD), Marcus Gualberto Ganter, a paralisação foi aprovada em assembleia geral na semana anterior. Em nota (leia a íntegra aqui),
o Casd informa que entre as reivindicações estão a abertura de
sindicância para casos críticos e abusos evidentes por parte de
professores; afastamento de docentes se for de concordância unânime dos
alunos; e presença dos estudantes na Comissão de Verificação de
Aproveitamento Escolar, com ampla defesa.
De acordo com Ganter, algumas propostas
do CASD precisam de atendimento imediato, como a maior transparência na
divulgação da nota númerica, quantificação da distribuição de pesos
entre as questões e esclarecimento dos critérios de correção.
— Decidimos paralisar as atividades
pedindo mudanças tanto no sistema pedagógico quanto no processo
avaliativo. Próximo à paralisação, o reitor pediu para chamar os
professores para debater os problemas junto a eles. A reunião foi muito
positiva. Muitos professores não tinham ideia do quão desmotivados os
alunos estavam. Já tínhamos tratado dessas reivindicações antes, mas sem
um resposta mais efetiva e um prazo da direção. Com a paralisação,
tivemos a palavra do reitor de que haveria a formação de um grupo de
trabalho para dar encaminhamento a 90% dessas reivindicações — diz
Ganter, que tem 23 anos e está no 4º ano de Engenharia Mecânica
Aeronáutica.
O presidente do Casd esclarece que os
alunos são favoráveis ao programa de expansão do ITA, que prevê a
duplicação do número de vagas, além de uma série de inovações. No
entanto, ressalta que as falhas no no sistema e no modelo atuais devem
ser corrigidas em conjunto com a administração o quanto antes. “Se não,
passaremos de 600 alunos, para 1.200 desmotivados”. A previsão é de que
50% das novas vagas já entrem no processo seletivo do fim do ano.
— O CASD e os alunos são a favor da
duplicação e temos um otimismo muito grande em relação à expansão. Mas
não deixamos de estar desmotivados agora. Se nada for feito em relação
ao sistema pedagógico e não melhorar a didática, a prática de
engenharia, não adianta ampliar o alojamento. Temos que corrigir as
falhas que existem o mais rápido possível — acrescenta Ganter.
Carlos Américo Pacheco, reitor do ITA,
reconheceu que a maior parte das reivindicações dos alunos é convergente
com a agenda da instituição e será atendida. Ele explicou que o
instituto passa por uma reformulação, que inclui a parceria com o
Massachusetts Institute of Technology (MIT) e, por isso, a reforma do
sistema educacional já está prevista, mas demanda tempo.
— A agenda dos alunos é bastante
pragmática, de coisas menores. A reforma é mais ampla, de tentar mudar a
abordagem do ensino da engenharia. Boa parte das reivindicações dos
alunos é fácil de atender no curto prazo. O ITA tem um regime muito duro
de avaliação. É muito difícil entrar na escola. O questionamento maior
são de poucos casos, um em cada curso, em que há uma sobrecarga de
trabalho ou critérios de avaliação pontuais. Eles reclamam do regime
muito duro no conjunto: carga e pressão muito grandes. Boa parte do que
foi conversado vamos ver como operacionalizar ainda este semestre —
afirma Pacheco.
O reitor antecipa que já em setembro
haverá um curso de pós-graduação em conjunto com MIT na área de
transporte aéreo, com intercâmbio de professores e alunos entre as duas
instituições.
— Será um curso experimental: vão 13
alunos de graduação e outros de pós. Do pessoal de civil e aeronáutica,
todo mundo vai fazer. A ideia é que consigamos um jeito de financiar que
todos passem pelo menos uma semana lá. A escola precisa renovar sua
forma de ensinar. Temos tido sucesso na formação de bons profissionais,
mas podemos fazer melhor e nos adaptar a um perfil da nova geração Y,
mais conectada ao mundo, sem perder as qualidades da formação técnica. O
desafio é como despertar a curiosidade científica independente do
sistema de cobrança, como produzir qualificações usando processo
pedagógico diferente — reconhece Pacheco. — No acordo com o MIT a partir
do ano que vem, um dos componentes é o reexame do código de educação do
engenheiro.
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