MPF cobra explicações de ministro da Defesa sobre fala de general .
5 de abril de 2018
Eduardo Villas Bôas afirmou em rede social que Exército está "atento
às missões institucionais"
General Eduardo Villas Bôas usou as redes sociais para questionar o comportamento das instituições brasileiras | Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil / CP |
A Procuradoria da República no Distrito Federal cobrou explicações nesta quarta-feira
do ministro interino da Defesa, Joaquim Silva e Luna, sobre as declarações do
comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas. Nessa terça-feira, véspera
do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo
Tribunal Federal (STF), Villas Bôas afirmou em uma rede social que o Exército está
"atento às missões institucionais".
A afirmação do comandante tem sido interpretada como uma forma de pressão sobre
o STF no caso da revisão da possibilidade de prisão após a 2ª instância. "Asseguro
à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos
de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à
Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais", disse Villas Bôas.
Como ministro tem foro privilegiado, o procurador Ivan Marx, que assina o pedido de
explicações, pediu à Procuradoria-geral da República que encaminhe a solicitação para
Silva e Luna. "Oficie-se ao ministro da Defesa (via PGR), com cópia integral do presente
procedimento, para ciência e manifestação sobre eventual risco de função interventora
das Forças Armadas", diz a manifestação de Marx.
A solicitação de informação do procurador foi no âmbito do Procedimento Investigatório
Criminal (PIC) em que se apura as declarações de outro militar, o general Antônio
Hamilton Mourão. O general, que foi para a reserva em fevereiro, afirmou em
palestra realizada em setembro do ano passado que as Forças Armadas poderiam
optar por uma "intervenção militar" caso o Judiciário não solucionasse o problema
político do País.
No procedimento, o procurador afirma que, em tese, Mourão fez "propaganda de
processo ilegal para
alteração da ordem política ou social e incitou à subversão da ordem política e social,
conforme vídeo divulgado e notícias vinculadas em diversos canais de comunicação".
A apuração foi prorrogada pelo procurador Marx, em janeiro deste ano, após o Exército
encaminhar uma resposta que não satisfez o MPF.
CORREIO do POVO/UNPP
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