Comandante do Exército reúne generais e fala em 'coesão'
27 de setembro de 2017
Comandante do Exército reúne generais
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, anunciou nesta terça-feira (26)
em rede social que se reuniu no Rio de Janeiro com generais "da ativa e da
reserva" com o objetivo de "orientar, pessoalmente, os integrantes do Exército".
À mensagem, o comandante adicionou a hashtag "coesão".
Segundo texto divulgado pelo CML (Comando Militar do Leste), participaram do
encontro três ex-comandantes do Exército e o ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança
Institucional) nos dois mandatos do governo Lula (2003-2010), Jorge Félix.
Villas Bôas também divulgou uma foto do encontro. A reunião não está entre as notícias
divulgadas à imprensa pelo Comando do Exército em seu site, e a agenda do
comandante desta terça-feira também não foi divulgada publicamente no endereço.
A última agenda disponível é a do dia 21 de setembro.
A Folha solicitou ao Exército às 18h24 acesso ao discurso proferido pelo comandante
e a todos os registros de áudio, vídeo e escritos da reunião, mas não houve resposta
até a publicação deste texto. A reportagem também pediu o número de participantes,
o local e a duração do encontro. No canto esquerdo da fotografia postada por
Villas Bôas é possível ver a inscrição "Comando Militar do Leste", sediado no Rio.
Villas Bôas é ativo na rede social, com 25,9 mil seguidores.
No site do CML na internet, o Exército postou um texto curto, narrando que houve uma
"recepção" ao comandante Villas Bôas às 10h30 desta terça-feira. Segundo a publicação,
participaram do encontro o chefe do Estado-Maior do Exército, general Fernando Azevedo
e Silva, o chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, general Mauro
Cesar Lourena Cid, e o comandante do CML, general Walter Souza Braga Netto,
"acompanhados por demais oficiais generais da ativa".
Conforme o CML, além de Jorge Félix participaram do encontro três ex-comandantes
do Exército, hoje na reserva, Carlos Tinoco Ribeiro Gomes, Gleuber Vieira e
Enzo Martins Peri, e o ex-ministro dos Transportes Rubens Bayma Denys, entre outros
oficiais da reserva.
A reunião ocorre em meio à polêmica gerada por declarações do general Antonio
Hamilton Mourão sobre "impor uma solução" e "intervenção" militar na crise política
no país, dadas em uma reunião em loja maçônica do Distrito Federal no último dia 15
de setembro. O oficial está na ativa e ocupa alto cargo na administração do Exército,
na condição de secretário de economia e finanças do Comando do Exército.
Dias depois, o comandante Villas Bôas disse em entrevista ao programa de entrevistas
de Pedro Bial, na TV Globo, que Mourão não seria punido pelas declarações.
No mês de março, conforme a Folha revelou, Villas Bôas também proferiu palestra à
mesma loja maçônica.
Sobre a controvérsia, o centro de comunicação social do Exército divulgou no último dia
21 a seguinte nota:
"1. O Exército Brasileiro é uma instituição comprometida com a consolidação
da democracia em nosso país. 2. O comandante do Exército é a autoridade
responsável por expressar o posicionamento institucional da Força e tem
se manifestado publicamente sobre os temas que considera relevantes.
3. Em reunião ocorrida no dia de ontem [20 de setembro], o comandante
do Exército apresentou ao Sr. Ministro da Defesa, Raul Jungmann, as
circunstâncias do fato e as providências adotadas em relação ao episódio
envolvendo o general Mourão, para assegurar a coesão, a hierarquia e a disciplina.
4. O Comandante do Exército reafirma o compromisso da Instituição de servir àNação Brasileira, com os olhos voltados para o futuro".
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