Audio:'Estão colocando a gente dentro do morro para morrer', desabafa PM


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Em áudio, policial denuncia a falta de armamento adequado e critica a política de segurança pública

MARIA INEZ MAGALHÃES
Rio - Um policial militar que não foi identificado, gravou um áudio onde comemorava o fato de estar de licença médica. Com isso, segundo ele, evitaria entrar em confrontos com traficantes sem um armamento adequado. Na gravação, o PM afirma que a "guerra contra o tráfico", não é deles e lamentou a morte de três policiais nos últimos dias na comunidade do Jacarezinho, pacificada desde janeiro de 2013 e vizinha da Cidade da Polícia.
"Nós somos os únicos que temos a perder nessa guerra. Em menos de uma semana, foram dois amigos baleados e três mortos. Como vai ficar a família desses policiais que morreram? Temos que ter amor pelas nossas vidas. Não vamos permitir que aconteçam coisas piores", afirma.

Na última segunda-feira, dia 30 de novembro, o soldado Rodrigo Ribeiro Pinto, de 34 anos, morreu durante um patrulhamento na localidade conhecida como Talibã. Já neste domingo, as vítimas foram os PMs Marcos Santana Martins, de 26, e Inaldo Pereira Leão, de 33. Eles serão sepultados na tarde desta segunda-feira, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. "Mais dois amigos se foram e até quando a gente vai ficar nessa? Quando morrerem 50, 100 policiais?", diz o PM no áudio.
Ele também relata que na semana passada, teve que realizar uma operação numa comunidade sem o armamento adequado. "Não tem condições o armamento que a gente pega para subir o morro. Na quarta-feira, queriam que eu subisse para o morro em confronto com uma pistola e dois carregadores de 15 tiros. Como é que pode, não tinha munição, não tinha fuzil, não tinha mais carregadores de pistola. Eu pedi três carregadores, e eles não tinham carregador", denuncia.
Em menos de uma semana, os PMs Rodrigo Ribeiro Pinto, Inaldo Pereira Leão e Marcus Santana Martins foram mortos durante confrontos com traficantes no Jacarezinho
Foto: Reprodução
O policial militar também critica a política de segurança pública do Rio de Janeiro. "Nós fizemos concurso para a Polícia Militar, policiamento ostensivo, ordem pública. Não para ficar dentro de uma favela por 12 horas sem saber se você vai voltar para casa. É um projeto falido. Nem o governador e nem a Secretaria de Segurança têm mais controle sobre nada", finaliza.
Procurada, a assessoria da Polícia Militar disse não ter conhecimento do áudio, mas que vai analisar o caso e "tomar as providencias cabíveis".

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