Médicos e enfermeiros são treinados para os Jogos Olímpicos .

Jogos Olímpicos:

Agentes de saúde têm preparação para agir em possíveis ataques bioterroristas

Francisco Edson Alves
Rio - Médicos, enfermeiros, laboratoristas e sanitaristas epidemiológicos do Sistema Único de Saúde (SUS), além de profissionais do Samu, da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, estão sendo treinados para agir em caso de ataques bioterroristas durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Eles se preparam para agir contra crimes envolvendo agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares (QBRN).
A última turma, de 1.200 servidores, formada na Fiocruz na sexta-feira, está apta a enfrentar situações de emergência provocadas por substâncias que podem ser dispersas por aerossóis, explosivos, líquidos ou pós, no ar ou na água, disseminando vários tipos de doenças.
Homens do 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército em treinamento
Foto: Divulgação
Coordenadora do Núcleo de Biossegurança da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz, Telma Abdalla de Oliveira Cardoso é uma das responsáveis pela capacitação dos profissionais de saúde e de segurança em ameaças biológicas. O treinamento é sigiloso. Ela explica que a capacitação dos profissionais da área — que é sigilosa — é fundamental para a identificação precoce de sintomas, as vulnerabilidades sociais e ambientais e a susceptibilidade para cada doença.
“Devem estar informados e vigilantes porque, provavelmente, serão os primeiros a identificar, tratar e controlar as situações emergenciais”, recomenda.
O Ministério da Saúde garantiu, em nota, ter desenvolvido plano de contingência para acidentes com produtos químicos, biológicos, radiológicos e nucleares. Em caso de ameaça em QBRN, incidente ou ataque desta natureza, as ações de detecção, descontaminação, apoio ao atendimento de saúde e remoção por meios aéreos serão coordenadas pelo Ministério da Defesa.
Alguns equipamentos e unidades do Exército, orçados em R$ 60 milhões, são únicos na América Latina
Foto: Divulgação
Ação comum em grandes eventos
A tarefa de proteger contra atentados terroristas, já que o país receberá visitantes de mais de 200 nações, obedecerá a protocolos internacionais. São medidas adotadas preventivamente em locais que sediam grandes eventos internacionais, como é o caso do Brasil em relação à Olimpíada 2016.
O efetivo recebe instruções de especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica e da Organização para Proibição de Armas Químicas. Só o Exército, já treinou mais de 500 militares especificamente para os Jogos. E tem equipamentos importantes, únicos na América Latina.
O jornalista Marcelo Rech, estudioso do terrorismo, diz que o Brasil pode ser considerado como vulnerável, pois não tem lei ainda que tipifique esse tipo crime.
Já a coordenadora do Mestrado em Biotecnologia da Universidade Positivo, de Curitiba (PR), garante que, a exemplo de potências como Rússia, Estados Unidos e Japão, o Brasil vai precisar ainda contar com laboratórios seguros, com instalações bem preparadas e mais vacinas.
Aplicativo para monitoramento e dicas de cuidados
O Ministério da Saúde também desenvolve um aplicativo de vigilância participativa com a ONG americana Skoll Global Threats Fund, que reúne esforços para erradicar pandemias na era moderna. A ferramenta possibilitará o monitoramento dos eventos em saúde, e dicas de cuidados e serviços próximos.
A atenção está voltada para aeroportos, usina nucleares de Angra dos Reis e para as 158 principais instalações de competição e hospedagens de delegações no Rio e nas cinco sub-sedes olímpicas: Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo.
O treinamento dos médicos e outros profissionais da área de saúde é importante, devido à falta de experiência, no Brasil, em lidar com produtos e reações usadas em outros países. O alerta está voltado especialmente para as chamadas ‘bombas sujas’, com elementos como Antraz e outros que podem causar botulismo (intoxicação alimentar), ricina, varíola, tularemia, brucelose, peste bubônica e ebola, entre outros.

O DIA/UNPP

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