Ex-comandante da PM admite que pacificação no Alemão fracassou
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Ex-comandante da PM admite que fracassou
Coronel Íbis Silva reconhece que estratégia no conjunto de favelas da Zona Norte precisa ser repensada
“Fracassou (a pacificação do Alemão)
porque começou de forma errada”, disse o oficial. “Ao contrário do que
fizemos no Santa Marta, que continua sendo um exemplo bem sucedido, não
reunimos lideranças do complexo antes de entrarmos no território, até
por conta do contexto, já que era uma resposta aos ataques que a cidade
sofria de bandidos. Foi uma ação ousada, mas hoje precisa ser
repensada.”
Para Íbis, a entrada espetaculosa na
favela em 2010, transmitida ao vivo, oferece mensagem inconsciente de
conquista de território inimigo. “E enquanto se trabalha com esta
mentalidade, é quase o mesmo que acontece com tropas de ocupação num
território inimigo: hostilizada pela população e o tempo inteiro tendo
de ficar administrando conflitos.”
Para o oficial, o processo de pacificação
permite recuos e avanços. Ele acredita que uma reocupação com forças
especiais da própria PM, seria a melhor opção. Mas frisou que a opinião é
pessoal, não da corporação. Íbis admite que o policiamento de
proximidade está falho na favela, que teve mais um jovem morto
anteontem. A confiança que a presença das forças de segurança deveria
gerar já não existe, e moradores e PMs estão acuados. “A pacificação não
pode prescindir de uma proximidade, do estreitamento de relação entre a
comunidade e a polícia.”Polêmica sobre delegados
A tese do sociólogo Michel Misse, que na edição de quarta-feira do DIA defendeu o fim da exigência de que delegados sejam formados em Direito para oferecer maior mobilidade na carreira policial, não agradou ao presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio, Wladimir S. Reale. Para o policial, é fundamental que o delegado tenha sim conhecimento de Direito.
“As cadeias brasileiras estão superlotadas, em parte, por causa da eficiência da polícia”, diz Reale. “A proposta do senhor Michel Misse é um factóide.” Reale acredita que há outras formas de melhorar o desempenho da instituição através do uso de tecnologias — segundo Misse, delegados concursados entram para a polícia sem qualquer conhecimento da profissão e ficam reféns de policiais mais antigos. “O Judiciário reclama da saturação de processos, mas sem os delegados, com formação adequada, o Ministério Público e o Judiciário entrariam em colapso”, disse o policial, ressaltando que a proposta de Misse está completamente fora da realidade.
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