Militares tiveram aumento médio de 30 % acima da inflação, diz ministro .
21 de maio de 2015
Os projetos estratégicos não serão interrompidos, assegura Wagner
Ministro Jaques Wagner (esq.) cumprimenta o Deputado Izalci (PSDB/DF) - (Imagem: CNBQ) |
Em entrevista nesta quarta-feira (20), na Câmara dos Deputados, o
ministro da Defesa, Jaques Wagner, informou que negociará até o ultimo
momento com a Presidência da República melhores condições de
contingenciamento do orçamento para a sua Pasta. Wagner explicou que as
conversas envolvem também a equipe econômica (Ministérios da Fazenda e
Planejamento) e a Casa Civil. O ministro argumentou que o objetivo é que
não haja descontinuidade dos programas considerados estratégicos para
as Forças Armadas.
Jaques Wagner esteve na Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional (CREDEN) onde participou de audiência pública sobre as ações da
pasta e das Forças Armadas. Durante quase quatro horas, Wagner falou
sobre projetos estratégicos, importância militar para o país, salários e
orçamento, entre outros temas. Ao deixar o plenário da comissão, o
ministro conversou com os jornalistas.
“Os nossos projetos estratégicos não podem sofrer descontinuidade. Podem
até sofrer, vamos dizer assim, uma velocidade um pouco menor por conta
do que a gente está atravessando, e eu reconheço a necessidade do
ajuste. Agora não podemos descontinuar nenhum programa desses que são
estratégicos na Defesa, seja da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,
porque para você colocar em pé um projeto desse demora, mas para você
descontinuar e acabar com ele é rápido”, afirmou.
Por sua vez, o ministro Wagner reconheceu que essa situação não é
exclusiva do Brasil. Ele lembrou que recentemente, em viagem oficial à
França, conversou com o ministro da Defesa daquele país, Jean Jean-Yves
Le Drian, quando recebeu o seguinte comentário do colega: “olha, os
projetos nossos, são projetos de 10, 20 anos, então você faz uma
decisão, às vezes muda o governo, tem outra compreensão ou você tem um
momento de maior perda da economia, então você preserva e eventualmente,
sem acelerar”, reproduziu.
Kelma Costa. Ivone Luzardo, Mírian Stein e Genivaldo Silva junto a outras lideranças (Imagem: CNQB) |
Em seguida, o ministro Jaques Wagner emendou: “Então, é esse o trabalho
que eu estou fazendo. Eu ainda não tenho conhecimento definitivo dos
números. Isso deverá ser passado para cada ministro, entre hoje e
amanhã, na sexta-feira (22) vem a público. Ai a partir daí é que nós
vamos trabalhar. Mas eu ainda estou trabalhando defendendo o orçamento
do Ministério da Defesa”.
A seguir trechos da entrevista do ministro Jaques Wagner:
Repórter – Quais são os projetos que não podem ser descontinuados?
Ministro – Os projetos estratégicos, por exemplo, você tá fazendo
um submarino, esse é um programa de 5, 10, 15 anos. Se eu parar e
perder toda a mão de obra qualificada, como é que eu retomo isso? A
retomada é muito difícil. E quando você tem, por exemplo, um programa
aeroespacial, como é que você para a construção de um satélite? Então,
esses projetos, eu tenho certeza que a Presidência da República e os
ministros responsáveis pelas finanças, têm consciência. Esses projetos
não podem ser parados. É diferente de um projeto pontual. Você vai fazer
uma, duas, três pontes. Você fez uma, não tem dinheiro para segunda,
você não faz. Aquilo não é um projeto que está multiplicado. É um
projeto único, de longo curso. Os projetos na área de defesa, a tomada
de decisão, muitas vezes levam 6, 7, 8 anos, e a concretização, por
exemplo, o projeto de submarino nosso vai até 2025. Então, um subprojeto
desse, repito, se eu tenho uma dificuldade, eu posso ter uma
repactuação nos contratados para fazer em uma velocidade menor, mas não
posso descontinuar porque senão vou perder toda inteligência construída.
Repórter – Sucateamento das Forças Armadas, os baixos salários, como o senhor pretende resolver na sua gestão esses problemas?
Ministro – Essa constatação não é de hoje. O fato é o seguinte. O
Brasil é um país que não tem problemas no ponto de vista bélico,
propriamente. Então, às vezes, não há uma consciência das pessoas que a
7ª, 8ª economia do mundo com esse patrimônio natural que nós temos no
mar, na terra da Amazônia, que ela precise ter Forças Armadas bem
qualificadas. Esse sentimento que é muito simplório para responder o que
corresponde a 7ª economia do mundo, fez com que, ao longo do tempo,
fosse deixando muita coisa sucatear. Mas eu posso garantir que hoje,
disse isso aos parlamentares, estamos num processo de recuperação, seja
de qualificação, seja da questão salarial que teve reajuste, inclusive
acima de outros segmentos do executivo, seja na questão do equipamento.
Se você perguntar para qualquer membro das Forças, seja Marinha,
Exército ou Aeronáutica, nenhum deles vai dizer que está satisfeito. E
não estão porque tem um horizonte de chegar mais longe, mas todos eles
reconhecem que, ninguém sonhava em ter um submarino de propulsão
nuclear, ninguém sonhava em ter um caça compartilhado de tecnologia
sueca e brasileira. E eles são realidade. Então, o que eu digo é o
seguinte, a dor do contingenciamento, pela necessidade de continuar
crescendo, não vai impactar no sentindo de interromper isso. Nós estamos
em um processo claro de reequipamento das Forças, mas eu insisto,
talvez, se fossemos um país que vivêssemos em guerra, eu não precisava
explicar para o público ou para Câmara que eu preciso de um orçamento
maior. Mas como você é um país que não tem essas ameaças, às vezes as
pessoas perguntam “ué, não é melhor investir em educação?”. Eu digo:
quem tem o patrimônio que nós temos tem que ter o poder de dissuasão,
senão a gente acaba perdendo a capacidade.
Repórter – E com relação aos baixos salários?
Ministro – É isso que eu lhe disse. Eles estão sendo
recompostos e eles sabem que estão sendo recompostos. Nós temos, ao
longo dos últimos 13 anos, 12 anos, um aumento médio de 30% acima da
inflação, então isso é recomposição salarial, mas é claro, eu digo
sempre, a vida inteira e hoje eu vivo de salário. Salário de ministro e
de operário que era. Nenhum salário é bom. O salário todo que a gente
ganha, a gente quer ganhar melhor e eu acho que é legitimo essa demanda
dos militares. Eu estou aqui para trabalhar por ela e pela qualificação
deles e pelo reequipamento das Forças.
Repórter – E quanto a necessidade de atualização da Estratégia e Política Nacional de Defesa?
Ministro – Isso é, eu diria, quase que uma coisa corriqueira.
Desde que nós resolvemos criar o Ministério da Defesa, aderindo ao que
há de mais moderno no conceito de defesa nacional, depois nós criamos os
documentos básicos da Defesa, o Livro Branco, a Estratégia Nacional e a
Política Nacional de Defesa. E já está previsto, que de 4 em 4 anos,
essa revisão tem que ser feita. Estamos em curso dessa revisão, que eu
chamei de atualização e a dinâmica da tecnologia é muito grande. Por
isso, é sempre importante você está revisitando o cenário geopolítico e
atualizando sua estratégia. (R. A.)
DEFESA/UNPP
Pura Balela!!!
ResponderExcluirDr Simeão Moura