MESMO SEM COMPETIR, PÁISES ENVIAM POLICIAIS PARA APRENDER COM A COPA NO BRASIL

22 de Junho, 2014 - 13:00 ( Brasília )

PÁISES ENVIAM POLICIAIS PARA APRENDER COM A COPA NO BRASIL


Centro de Cooperação Policial Internacional -CCPI - em Brasilia, recebe agentes dos 32 países que jogarão no Mundial, além de representantes de nações convidadas e organizações como a INTERPOL. Foto - ABR

Nicholle Murmel
Especial para DefesaNet

Às vésperas do início da Copa do Mundo, policiais de países não classificados para o Mundial estão no Brasil para aprender como funciona um evento de porte internacional. OCentro de Cooperação Policial Internacional (CCPI) em Brasilia recebe agentes dos 32 países que jogarão no Mundial, além de representantes de Angola, Moçambique, Catar, Peru, Tanzânia e Venezuela, além de agentes da INTERPOL, AMERIPOL e do ESCRITÓRIO das NAÇÕES UNIDAS sobre DROGRAS e CRIME (UNDOC).

Os representantes desses países considerados de relevância estratégica vêm ao Brasil principalmente para aprender. O delegado da Pol[icia Federal Joziel Brito, alocado no CCPI, cita o exemplo do Catar, que sediará a Copa de 2022, depois da Rússia em 2018. “Há uma função pedagógica para esses países. Vamos servir de paradigma”, explica. Critérios como o fluxo de turistas e a localização em região de fronteira foram considerados pela PF. “O Paraguai, por exemplo, não vai participar da Copa, mas é uma porta de entrada para o Brasil”, comenta Brito.

Os efetivos dos seis países permanecerão no Centro, observando o gerenciamento da segurança nos jogos. Os policiais também serão capacitados com cursos na área de integridade esportiva, como o Curso de Combate à Manipulação de Resultados Esportivos, ministrado na pela Divisão de Match Fixing da INTERPOL, responsável pelo programa  Integrity in Sport para educar agentes de segurança em todo o mundo em investigação e prevenção de corrupção e outros crimes no esporte.
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Polícia Federal é responsável pelo contato com forças policiais no exterior e pelos convites e acordos que permitiram a presença dos agentes que acompanharão seus times e torcedores, e também dos países em missão educativa.

A polêmica força policial de Moçambique

No fim de abril deste ano, portais de notícia e blogs brasileiros publicaram conteúdo afirmando que homens da Polícia da República de Moçambique, supostamente uma das mais violentas da África, atuariam como reforço à Força de Sgurança Nacional e àPolícia Federal na segurança durante a Copa, inclusive na Final no estádio do Maracanã no Rio de Janeiro. Um dos sites creditou a informação ao jornal Folha de Maputo, da capital moçambicana.

Ao ser questionado sobre as atividades previstas não só para os policiais moçambicanos, mas os de todas as nações consideradas estratégicas, o delegado Brito reforça que a função dos agentes se restringe ao Centro de Cooperação como observadores que levarão de volta a seus países o conhecimento para que possam sediar e gerenciar grandes eventos urbanos no futuro. “Em todos os lugares há boas e más polícias, e bons e maus policiais. Quando um país se representa no exterior, envia sempre o que tem de melhor”, esclarece o delegado.

Torcedores contarão com policiais de seus países

A função principal do CCPI é integrar os órgãos de segurança locais e os agentes enviados pelas nações classificadas para a Copa. Ao todo, 75 policiais brasileiros e 205 estrangeiros trabalharão em conjunto. Parte desse contingente atuará no próprio Centro, com acesso à base de dados da Interpol e das polícias dos países competidores, a fim de levantar informações acerca da autenticidade de documentos apresentdos para entrar no Brasil, e também listas de passageiros de voos internacionais, antecedentes dos cidadãos entrangeiros em território brasileiro, listas de grupos de torcedores com histórico de incidentes, criminosos e aliciadores de exploração sexual.

Outra parte desses policiais estará presente nos estádios durante as partidas como oficiais de ligação, mediando a interação entre as torcidas e as forças de segurança brasileiras. Esse papel é auxiliar e subordinado à PF. “Os policiais estrangeiros estarão identificados com a farda que usam em seu país de origem, não andarão armados e não terão poder de polícia”, explica Antonio Felipe de Almeida Gonçalves, da Assessoria de Relações Internacionais da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE), subordinada ao Ministério da Justiça.

O envio de policiais ao país-sede do Mundial para cooperar com agentes locais não é novidade. A experiência começou na Copa da Alemanha, em 2006 e se repetiu na África-do-Sul em 2010

Sobre o Centro de Cooperação Policial Internacional

A criação do CCPI foi autorizada pela portaria 88/2014 da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, assinada em março deste ano. A Sesge é responsavel por atribuir aos órgãos competentes as atividades de planejamento, coordenação, acompanhamento, avaliação e integração durante a Operação de Segurança da Copa do Mundo 2014.

As atividades do Centro começaram na última segunda-feira (09) na sede da Polícia Federal em Brasília. Os policiais trabalharão monitorando o entorno dos estádios, consultando bancos de dados internacionais, além de apurar e armazenar dados sobre ocorrências e incidentes envolvendo torcidas estrangeiras durante o Mundial. 




Nota distribuída pela Polícia Federal em 22JUN14
Polícia Federal do Brasil e Argentina detém barrabravas em MG
A Polícia Federal, em cooperação com a policia argentina, deteve, na tarde deste sábado (21/06), no estádio, em Belo Horizonte (MG), dois barrabravas. 

Os argentinos foram autuados e têm o prazo de até 72 horas para sair do Brasil. Toda a ação ocorreu por meio da cooperação internacional que existe entre a Polícia Federal e as policias dos países participantes do Mundial. 

Cooperação internacional

Centro de cooperação Internacional da Policia no Brasil conta com a presença de mais de 200 profissionais de 31 países participantes da Copa do Mundo e mais cinco outras nações convidadas, além de três organismos internacionais (ONU, INTERPOL e AMERIPOL). 

Em média, cada delegação dos países participantes atua no Brasil com sete integrantes. Quatro desses policiais viajam com seu respectivo time e trabalham uniformizados nos estádios onde suas seleções se apresentarão. Esses oficiais estrangeiros de campo conhecem suas respectivas torcidas e poderão auxiliar com ações estratégicas de pronta intervenção. Contudo, eles não portarão armas, atuando em conjunto com as forças nacionais de segurança pública.

Outros três integrantes das comitivas de cada país ficam sediados no Centro de Cooperação, em Brasília, compartilhando o acesso a bancos de dados e visualizando, por meio de câmeras, todos os estádios e deslocamentos de suas seleções, em um vídeo wall, com telões gigantes. Todos os integrantes fixos trabalham no mesmo espaço físico, em constante intercâmbio.

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