Dilma convoca reunião após protestos contra Copa .
Dilma convoca reunião
O
tema será tratado com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça),
Celso Amorim (Defesa) e Aldo Rebelo (Esportes). De acordo com informação
de auxiliares da presidente, ainda em Lisboa, onde desceu de surpresa e
pernoitou antes de seguir para Havana, Dilma foi informada de que os
protestos contra a Copa feitos no sábado foram violentos, com pessoas
feridas, depredações e ondas de vandalismo. A presidente, então,
convocou a reunião para a volta ao Brasil.
Cardozo
está de férias. De acordo com sua assessoria, ele deve retornar ao
trabalho amanhã. E já encontrará uma série de demandas envolvendo a
segurança da Copa, maneiras de evitar que os tumultos se espalhem pelo
País e formas de conter a ação violenta contra as manifestações por
parte das polícias estaduais. O governo avalia que a radicalização das
ruas, em junho, teve como origem a forte repressão feita pela Polícia
Militar de São Paulo aos jovens que protestavam contra o aumento da
passagem de ônibus.
Tiros
Anteontem,
o manifestante Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça, de 22 anos, foi
baleado no tórax e na região genital por policiais militares na Rua
Sabará, em Higienópolis, região central de São Paulo. De acordo com a
PM, por volta das 22h30, dois homens em atitude suspeita foram abordados
na Rua da Consolação e um deles correu.
Segundo
a versão dada pela PM, os policiais pediram para revistar a mochila de
Fabrício, onde acharam um artefato explosivo. A corporação afirma que o
rapaz, então, tentou fugir. Quando era perseguido, segundo a PM, sacou
um estilete que estava no bolso da calça, voltando-se contra os
policiais, e acabou baleado. Ele passou por operação na Santa Casa. O
hospital diz que foi preciso remover um dos testículos da vítima por
causa dos ferimentos.
Testemunhas
afirmam que o rapaz não reagiu. "Eram três policiais descendo a rua
correndo atrás do menino. Depois do terceiro tiro, o rapaz saiu
cambaleando e um policial deu um empurrão nele em cima da árvore", disse
um morador da região, que não quis se identificar.
A
família do rapaz afirma que ainda tenta descobrir o que de fato
aconteceu. "Ele estava na manifestação, se dispersou. Não sei o que
aconteceu, ele ficou com medo e correu", disse o irmão da vítima,
Gabriel Chaves. Segundo a polícia, ele seria um adepto da tática black
bloc. O irmão de Fabrício diz que ele trabalha como estoquista e que, de
fato, frequenta protestos com regularidade. Na página dele do Facebook,
entre os perfis preferidos, está a Black Bloc SP.
Apuração
O
defensor público Carlos Weis, coordenador de direitos humanos da
Defensoria Pública de São Paulo, acompanha o caso de perto. Outro
defensor estava no local por acaso e conversou com pessoas que filmaram o
rapaz baleado. "Segundo os relatos, havia três policiais contra uma
pessoa com arma branca. É evidente que havia outros meios menos letais
de resolver a situação."
Segundo
os relatos, ele foi resgatado pela própria PM, contrariando resolução
do governo do Estado, que veta a prática. O porteiro de um prédio chegou
a pedir uma ambulância, que teria chegado minutos após os policias
levarem o rapaz ao hospital. O caso está sendo investigado a pela
Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil.
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