Militares se unem para lançar 71 candidatos nas eleições 2018 .

10 de maio de 2018

Militares se unem para lançar 71 candidatos 

Grupo pretende eleger deputados e governadores em 25 Estados e no DF
Militares que são pré-candidatos ao Congresso e ao Executivo nas próximas eleições se reúnem em Brasília
Foto: ANDRE DUSEK/ESTADÃO















Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Motivados pelo desempenho do deputado e pré-candidato à Presidência 
Jair Bolsonaro (PSL-RJ) nas pesquisas eleitorais, pelo menos 71 militares do
 Exército, da Marinha e da Aeronáutica lançaram pré-candidaturas a vagas no
 Congresso e no Executivo em 25 Estados e no Distrito Federal. Por enquanto,
 só o Acre não tem candidato nesse grupo. Parte deles se reuniu nesta terça-feira, 8,
 pela primeira vez, em Brasília para unificar o discurso.

Militares pré-candidatos
Os pré-candidatos usaram frases e slogans para afirmar que trabalham com princípios
 de “honestidade” e “defesa dos interesses do País” cultivados nos quartéis. Bem ao
 estilo militar, a reunião começou pontualmente no horário marcado, com pouco mais 
de 30 participantes. A mesa foi composta apenas por generais, hierarquicamente 
superiores aos demais nas Forças. Cada presente se apresentou e os discursos, 
feitos sem interrupção, tinham como tema principal o combate à corrupção e o direito 
de militares de se candidatarem a cargos eletivos.
Mesmo ausente, Bolsonaro foi lembrado no evento, realizado em uma sala da 
Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), na área central de Brasília.
 O presidenciável foi convidado, mas não compareceu – o que rendeu crítica de um 
dos presentes, que preferiu não se identificar. Nesta quarta-feira, o grupo pretende ir
 ao Congresso para se encontrar com o deputado.
O discurso mais contundente da reunião foi o do general de Exército da reserva, 
Augusto Heleno, que não se coloca como candidato, mas está sendo pressionado
 por seus pares a entrar para a política. General Heleno primeiro rejeitou a tese
 de que se esteja tentando formar uma “bancada militar”, justificando que não pode
 existir divisão entre sociedade civil e militar, e disse que considera isso “um preconceito”
 e “uma invenção da esquerda”.
O general disse ainda que Bolsonaro “não é o candidato dos seus sonhos”, mas que 
“é o único com possibilidade de mudar o que está aí porque todos querem que se faça
 uma faxina no País”. Depois de recomendar que o momento não é de “olhar pelo 
retrovisor e ficar elogiando o regime militar, mas de olhar para frente e buscar mudanças
 no País”, o general Heleno saiu em defesa do pré-candidato do PSL.
O general de Exército da reserva Augusto Heleno
O general de Exército da reserva Augusto Heleno, que não é pré-candidato, é pressionado para entrar na política
Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO




















“Exigem do Bolsonaro o que nunca exigiram dos outros candidatos. Querem que
 o Bolsonaro seja a mistura de Churchill, Margareth Thatcher, Ronald Reagan, o Papa
 Pio XII. Essa cobrança nunca foi feita antes aos outros”, disse o general. “Bolsoraro 
tem defeito? Tem defeitos. Mas é o único que se apresenta hoje, pelo menos com a
 intenção e a possibilidade de mudar o que está aí. Daí essa grande reação ao nome
 dele, que está sendo até chamado de fascista, o que é um absurdo, porque quem não
 é de esquerda é tachado de fascista, o que ele não é, sem direito de defesa”, afirmou.
 Neste momento, foi aplaudido pelos colegas. Heleno disse ainda que, “ao contrário 
do que alguns entendem, Bolsonaro não vai poder governar sozinho e vai ter de montar 
uma equipe conjunta”.
A mesa de discussão foi conduzida pelo general Girão Monteiro, pré-candidato a
 deputado federal pelo Rio Grande do Norte – que está atuando como organizador
 dos candidatos militares no País. Ele defendeu a tese que os militares “têm direito
 de votar e ser votado, como qualquer outro segmento da sociedade.” Segundo 
ele, “temos de funcionar como agentes de mudança do País”. Para o general, os 
militares, com esta mobilização, “estão dobrando a esquina e a dobrada é para o
 lado direito”.

PARTIDO DE BOLSONARO ATRAI PRÉ-CANDIDATOS
É da legenda de Bolsonaro, o PSL, que vem a maior parte dos pré-candidatos
 ligados às Forças Armadas – 60 deles são filiados a legenda. Dos 71 
postulantes, entre militares da reserva e da ativa, há uma única mulher.
 A coronel da reserva do Exército Regina Moézia, de 54 anos, quer ser deputada 
distrital em Brasília.
Terceira geração de militares de sua família e integrante da primeira turma de 
mulheres do Exército, coronel Regina diz estar acostumada a lidar com grupos 
majoritariamente masculinos. Mãe de um aluno da Escola Preparatória para o Exército,
 a coronel Regina está apostando nas mídias sociais para se eleger. Este tem sido o 
principal meio de comunicação dos candidatos militares – que veem na falta de recursos
 e na filiação a partidos pequenos e sem dinheiro um dos principais obstáculos para se
 elegerem.
Além do PSL, outros militares vão lançar candidaturas opr 13 partidos – PSDB, 
PSC, PR, PEN, PRP, PRTB, Novo, Patriotas, DEM, PHS, PROS, PTB e PSD. 
Várias patentes têm representantes – desde candidatos generais até coronéis,
 sargentos e capitães.

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