Violência no mundo atinge pior nível em 25 anos.
9 de Junho, 2016 - 11:00 ( Brasília )
Pensamento
Global Peace Index aponta conflitos no Oriente Médio como maiores responsáveis por agravamento da situação global. Síria, Sudão do Sul, Iraque, Afeganistão e Somália são os países mais violentos.
Ataque aéreo atinge hospital em Aleppo, na Síria
O Global Peace Index 2016 (Índice Global
da Paz), divulgado pelo Instituto de Economia e da Paz nesta
quarta-feira (08/06), aponta que a violência aumentou em todo o mundo,
atingindo o pior nível em 25 anos.
O índice, que mede 23 indicadores – como
incidência de crimes violentos, níveis de militarização e importação de
armamentos – indica que os conflitos no Oriente Médio são os maiores
responsáveis pelo aumento da violência global.
"Com frequência, em meio ao caos atual no
Oriente Médio, perdemos a perspectiva sobre outras tendências
positivas", afirmou Steve Killelea, fundador do Instituto de Economia e
da Paz.
"Ao observarmos o ano passado, se não
levássemos em conta o Oriente Médio [...] o mundo teria sido mais
pacífico", disse Killelea. Mais de 100 mil pessoas morreram em conflitos
em 2014. Em 2008, foram 20 mil. A Síria, com 67 mil mortes em 2014 em
meio à guerra civil, foi responsável pela maior parte desse aumento.
De acordo com o levantamento, a maioria
dos ataques considerados "terroristas" concentrou-se em cinco países:
Síria, Iraque, Nigéria, Afeganistão e Paquistão.
Custo da violência
Segundo o índice, o custo econômico da
violência em 2015 foi de 13,6 trilhões de dólares, ou seja, 13,3% do PIB
global. Esse valor é 11 vezes maior do que o total dos investimentos
estrangeiros diretos em todo o mundo.
"Entretanto, os gastos com o
estabelecimento e a manutenção da paz se mantêm proporcionalmente baixos
em comparação ao impacto econômico da violência, representando apenas
2% das perdas globais resultantes dos conflitos armados", disse
Killelea.
A Europa é a região menos violenta em
todo o mundo, apesar de uma queda no índice em razão dos ataques
terroristas em Paris e Bruxelas. A Islândia é considerada o país mais
pacífico, seguido da Dinamarca, Áustria, Nova Zelândia e Portugal.
Os Estados Unidos foram considerados o
103º país mais pacífico, entre os 163 relacionados no índice. O Japão
ocupa a nona colocação, à frente da Alemanha (16º) e do Reino Unido
(47º). Após os ataques terroristas do ano passado, a França caiu apenas
uma posição, ocupando a 46ª posição. O Brasil ficou em 105º lugar.
Os países mais violentos são a Síria, seguida do Sudão do Sul, Iraque, Afeganistão e Somália.
Atentado acirra tensão entre israelenses e palestinos
Israel reagiu com firmeza nesta
quinta-feira (09/06) após o ataque perpetrado na véspera por dois
atiradores palestinos, que deixaram quatro mortos em Tel Aviv. As
autoridades anunciaram a suspensão de permissões de entrada para
muçulmanos palestinos durante o mês sagrado do Ramadã, e o envio de dois
batalhões, com centenas de soldados, para a Cisjordânia.
A medida, juntamente com o anúncio de
novas ações repressivas por parte de Israel, deverá aumentar ainda mais
as tensões após o atentado, um dos mais graves da onda de violência dos
últimos oito meses na região.
A polícia informou que um dos terroristas
foi preso e que o outro está recebendo cuidados médicos após ter sido
baleado no tiroteio, que feriu outras cinco pessoas. As autoridades não
divulgaram maiores detalhes sobre as vítimas.
O ataque ocorreu num complexo de bares e
restaurantes localizado numa rua próxima ao Ministério israelense da
Defesa e a quartéis do Exército, quando os dois homens armados abriram
fogo contra os clientes. A polícia informou que os terroristas eram dois
primos que viviam na região de Hebron, na Cisjordânia.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin
Netanyahu, visitou o local após se reunir com autoridades do país,
incluindo o novo ministro da Defesa, o ultranacionalista Avigdor
Lieberman.
"Discutimos uma série de medidas
ofensivas e defensivas que tomaremos para reagir a esse fenômeno",
afirmou Netanyahu, citado pelo seu gabinete. "Haverá ações intensivas da
polícia, Exército e outros serviços de segurança, não apenas para
prender os cúmplices deste assassinato, mas também para evitar futuros
incidentes."
Mais de 80 mil afetados por restrição
"Todas as permissões para o Ramadã,
especialmente para as visitas de famílias da Judeia e Samaria a Israel,
estão congeladas", afirmou em comunicado a Cogat, a unidade do
Ministério da Defesa que trata de assuntos civis na Cisjordânia ocupada.
Os israelenses costumam se referir à região utilizando os termos Judeia
e Samaria.
Segundo a Cogat, cerca de 83 mil pessoas
serão afetadas pelas suspensões, além de centenas de residentes da Faixa
de Gaza. As concessões também foram suspensas para 204 parentes dos
autores dos ataques desta quarta-feira.
Milhares de palestinos visitam a mesquita
Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do islã, durante as semanas do
Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, que começou no último domingo.
Nos últimos oito meses, atentados
palestinos mataram 31 israelenses e dois turistas americanos. Já as
ações das forças de segurança israelenses deixaram pelo menos 196
palestinos mortos, 134 deles, segundo o governo Netanyahu, eram
agressores. Os outros foram mortos em confrontos e protestos.
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