'Xadrez do governo Temer e o fator militar'.
9 de maio de 2016
"O fator militar" e uma peça de ficção de Luiz Nassif
Luis Nassif, vocês sabem, é um jornalista com inestimáveis serviços
prestados ao petismo, causa na qual ombreia ao lado de Paulo Henrique
Amorim, Mino Carta e outros menos votados, todos aquinhoados regiamente
com verbas de publicidade estatal desde o primeiro governo de Lula.
A ressalva inicial faz-se necessária para que abordemos seu artigo de
ontem, 'Xadrez do governo Temer e o fator militar'. Nele, Nassif esboça
uma peça de ficção jornalística que reporta aos melhores (ou piores?)
tempos da Guerra Fria, pano de fundo da cena política brasileira nos
idos de 1964.
Denunciando a ação de 'aves predadoras' sobre a presidência da
República, o articulista cita a escassa legitimidade de Temer e a
falência dos sistemas de mediação (leia-se STF), antes de alertar que,
nesse contexto, as Forças Armadas procuram fortalecer-se no cenário
político, buscando para isso uma 'missão legitimadora' que, segundo
Nassif, estaria na identificação de um novo inimigo interno e externo
que justificasse a volta do protagonismo dos fardados.
Do lado de Temer - continua - uma das maneiras de desviar o foco das
críticas seria a criação de um inimigo interno. A tentativa de
recriação da legitimidade política das Forças Armadas passaria por aí. O
primeiro passo seria a volta de uma estrutura militar de controle no
governo federal e segurança presidencial.
A frente das articulações estaria o o general Sérgio Etchegoyen, chefe
do Estado Maior do Exercito Brasileiro, que teria como interlocutor
Denis Rosenfield, um dos principais assessores de Temer. No dia 22 de
abril, os dois teriam encontrado-se em Brasília. Dois dias antes, a
pedido do general, Rosenfield teria jantado com os comandantes da
Marinha e da Aeronáutica. A intenção era montar uma frente que forçasse
Temer a assumir compromisso de nomear um militar para o Ministério da
Defesa. O indicado seria o general Joaquim Silva e Luna, atual
Secretário Geral da Defesa. Além disso, se tentaria arrancar de Temer o
compromisso de assegurar a permanência dos comandantes em seus postos,
recriar o Gabinete de Segurança Nacional, sob a chefia de Etchegoyen. O
General Mourão, defenestrado pelo governo Dilma e desautorizado pelo
comandante da Força, iria para o Estado Maior do Exército. Nem Marinha,
nem Aeronáutica teriam aceitado a ideia de retorno ao cenário político.
Em encontro com Temer no último domingo, Etchegoyen teria tentado impor a
criação do gabinete, sob o argumento do risco da perda de controle
sobre os movimentos sociais e as ameaças bolivarianas de governos
vizinhos. O general Eduardo Villas Bôas teria visitado o vice na
terça-feira, no palácio Jaburu.
Da ficção para a realidade
Num cenário político que antevê o impeachment de Dilma com clareza no
horizonte e desenha como certo seu afastamento do governo já na próxima
quarta-feira, a última coisa que Temer deve desejar é instabilidade na
área militar. Nada mais conveniente, portanto, que mantenha os atuais
Comandantes, cuja postura institucional - diga-se! - tem sido impecável
diante do quadro de crise que vive o País.
É possível também que seja recriado órgão similar ao antigo GSI, extinto
por pressão da ABIN, que ganhou a disputa política com o General Elito,
seu último titular. O nome de Etchegoyen para chefiar a nova pasta
seria pule de dez.
Quanto à Defesa, depois de ter sido oferecida - e recusada! - como
prêmio de consolação ao advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, a
melhor notícia para os milicos seria a nomeação do general Silva e Luna
para o cargo.
Notem que todas estas hipóteses são perfeitamente factíveis, e prescindem da existência ou não de um 'inimigo' a ameaçar a soberania nacional. Aliás - diga-se - as Forças Armadas trabalham permanentemente com cenários de possíveis conflitos externos e internos, não sendo esse um argumento de ocasião.
Notem que todas estas hipóteses são perfeitamente factíveis, e prescindem da existência ou não de um 'inimigo' a ameaçar a soberania nacional. Aliás - diga-se - as Forças Armadas trabalham permanentemente com cenários de possíveis conflitos externos e internos, não sendo esse um argumento de ocasião.
Como se vê, Nassif pinça hipóteses prováveis no panorama político para -
ao melhor estilo Carlos Lacerda - traçar um quadro farsesco,
conspiratório, incompatível com a realidade do Brasil de hoje.
Perspectiva real - essa sim! - é a de que - sob Temer - o bravo
jornalista perca o patrocínio do Banco do Brasil em sua página na
internet.
Com informações de LUIS NASSIF ONLINE
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