Helicóptero de general do Brasil é alvejado na RD do Congo.

06/05/2015 14h50 - Atualizado em 06/05/2015 16h47

 'Faz parte'

Tiro de rebeldes atingiu tanque e aeronave da ONU fez pouso emergencial.
Cruz diz que não contou para família e ficou triste com morte de soldados.

Tahiane StocheroDo G1, em São Paulo
General Santos Cruz, do Brasil, comanda missão no Congo (Foto: Sylvain Liechti/ONU/divulgação)General Santos Cruz, do Brasil, comanda missão no Congo (Foto: Sylvain Liechti/ONU/divulgação)
Um helicóptero que levava o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, comandante das tropas da ONU na República Democrática do Congo(antigo Zaire), foi alvo de tiros de grupos rebeldes na segunda-feira (4). A aeronave teve de fazer um pouso de emergência em uma pista de pouso próxima. Segundo o general, os tiros, efetuados pelo grupo rebelde Forças Democráticas Aliadas (ADF), atingiram o tanque de combusítvel do helicóptero, que começou a vazar, mas não pegou fogo.
O ataque contra o general brasileiro ocorreu quando o helicóptero sobrevoava uma área montanhosa do grupo rebelde na região de Beni, em Kivu do Norte. Segundo Santos Cruz, nas últimas semanas, o ADF matou mais de 300 pessoas na região, muitas a machadadas e com facões.
"Essas coisas fazem parte do trabalho. Faz parte da vida."
General Carlos Alberto Santos Cruz
"Essas coisas fazem parte do trabalho. Faz parte da vida. Houve um problema que percebemos na hora e teve que ser resolvido rápido. O piloto conseguiu pousar em uma pista próxima e saímos bem. Mas o fato de termos sidos atingidos mostra que estávamos perto do local onde se escondem. O nível de emoção não tem importância", disse Santos Cruz por telefone ao G1, afirmando não ter sentido medo no momento. O oficial disse que não contou para a família que passou pelos apuros no Congo.
 "Eu não sinto nada, quando estamos no meio, levamos tiro e tem que seguir, fazer o que tem que fazer. Já passei por tantas situações e sei o que é isso", diz o general. Antes de ir para o Congo, Santos Cruz comandou por dois anos a missão de paz da ONU no Haiti, liderando operações de soldados brasileiros para a pacificação da favela mais violenta do país caribenho, Cité Soleil, em 2007."Estávamos sobrevoando uma área montanhosa em busca de um local em que estariam escondidos e deram sorte ao nos atingir. Possivelmente usaram um fuzil, porque não estávamos muito alto", lembra.
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Kivu do Norte, República Democrática do Congo
  • Brasileiro comanda missão da ONU no país africano


Tristeza com morte de soldados
Santos Cruz diz que ainda não contou para a mulher e os filhos, que moram em Brasília, sobre o ocorrido. "Eu estou ótimo como sempre. Não contei ainda para minha família, mas vou ter que explicar", brinca ele. "Você sai da situação e nem fala mais sobre aquilo, o trabalho continua, toma banho, dorme e tem problemas maiores para resolver", afirma ele, referindo-se a novas operações que a ONU fará agora contra o grupo rebelde.
O general não quis dizer o modelo do helicóptero, que é cedido por países que integram a missão de paz da ONU no país. Atualmente, Santos Cruz comanda 21 mil soldados na Monusco (Missão das Nações Unidas para Estabilização da República Democrática do Congo), que é a única operação internacional da ONU com autorização para atacar, prender e matar criminosos que invadem cidades e massacram civis.
No dia seguinte ao ataque ao general, o mesmo grupo emboscou soldados da Tanzânia a serviço da ONU. Dois militares foram mortos e outros treze feridos. "A emoção para mim mais forte é quando perco soldados, vejo soldados baleados. Eles estão sob meu comando, são meus homens. Isso sim produz emoção, fico muito triste, é mais forte do que um ataque pessoal", entende.
Segundo o general, o fato de o grupo rebelde estar atacando a ONU demonstra que os trabalhos das forças internacionais estão fazendo efeito. "A mentalidade criminal é matar todo mundo que tem que matar, demonstrar que tem força e poder através da violência. Mas estamos chegando perto, só mostra que estamos chegando", defende.

Comentários

  1. A minha leal continência para o bravo General Santos Cruz e para os soldados que deram suas vidas em prol da segurança de muitos naquele lugar de grande hostilidade.Fica para nós o exemplo que deve ser seguido diante de todas as situações em que o povo brasileiro (civis ou não) se tornam também reféns do terror. Em pensar que o governo brasileiro não queria liberar o referido General, que já estava na reserva, mas que foi escolhido a dedo e reconvocado pelas autoridades mundiais da ONU para comandar com maestria e o exemplo de sua própria vida esta operação.Sabemos que a missão ainda não está cumprida, mas será muito difícil para aquele povo e também para nós entender como um homem do quilate do General Santos Cruz, e tantos outros (civis ou não), estariam sendo desvalorizados em nosso País. Saudações e vida longa a todos que se opõe ao terror e a opressão.

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