Novos chefes militares têm perfil conciliador . Critérios .

Novos chefes militares têm perfil conciliador
08 Jan 2015

Dilma escolhe comandantes das Forças Armadas ‘descolados’ do golpe de 1964

Tânia Monteiro / BRASÍLIADa esq. para a dir., os novos comandantes do Exército, Eduardo Villas Bôas; Eduardo Leal Ferreira (Marinha); e Nivaldo Rossatto (Aeronáutica) (Foto: Divulgação/Escola Superior de Guerra/Agência Força Aérea)



Num dia de muitas costuras, conversas e inúmeras idas do ministro da Defesa, Jacques Wagner, ao Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff escolheu os três novos comandantes militares. O general Eduardo Villas Bôas, atual comandante de Operações Terrestres (Coter), será o novo comandante do Exército. Para a Marinha irá o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, atual diretor da Escola Superior de Guerra (ESG). E para a Aeronáutica o indicado foi o brigadeiro Nivaldo Rossato, chefe do Estado-Maior da Força Aérea.
A escolha dos novos comandantes consumiu boa parte do dia de Wagner e Dilma, que optaram por uma renovação das três forças com militares com perfis conciliadores. Todos os escolhidos entraram nas Forças Armadas depois do golpe de 1964 e não tiveram participação nos episódios que vieram à tona, novamente, com a discussão da Comissão da Verdade.
O problema para a divulgação dos nomes se concentrou na definição para a Aeronáutica.
Era preciso mexer as três peças do xadrez com a lista dos três mais antigos. Havia ainda uma torcida no Palácio do Planalto para que um deles, o brigadeiro Joseli Camelo, que está há 12 anos fora das Forças, como responsável por toda infraestrutura de voos da Presidência – primeiro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, depois, da presidente Dilma – passasse a comandar a FAB. Só que justamente este fato – estar há 12 anos fora da Aeronáutica – acabou afastando Joseli do cargo. Ele seguirá para o Superior Tribunal Militar.
Depois de o nome de Joseli despontar como o preferido, chegou a ser dito que o escolhido seria o brigadeiro Hélio Paes de Barros, Comandante Geral de Apoio (Congap). Mas essa opção acabou sendo descartada porque traria desconforto interno, já que haveria problemas para acomodar os outros dois. O brigadeiro entrou para a FAB em março de 1969.
Opções. Na Marinha, a primeira opção era a escolha do oficial-general mais antigo, que é o atual chefe da Armadas, almirante de esquadra Wilson Barbosa Guerra, como ocorria tradicionalmente. Mas a indicação do ex-ministro Celso Amorim, para que o almirante Júlio de Moura Neto fosse substituído pelo almirante Eduardo Leal Ferreira, acabou pesando pela proximidade que os dois passaram a ter após o embaixador despachar na ESG, quando estava no Rio de Janeiro.
No caso do Exército, a escolha do general Villas Bôas funcionará como um contraponto à forma como age o atual comandante, general Enzo Peri, muito reservado e que prefere tomar decisões mais solitárias. A busca, nesse caso, foi por um perfil semelhante ao do ministro da Defesa, Jaques Wagner. O general Villas Bôas foi assessor parlamentar no Congresso e comandante da Amazônia, onde se aproximou do então governador Eduardo Braga. Ele é o terceiro mais antigo no Exército, mas os dois anteriores a ele fugiam do perfil pretendido.
Reuniões. Dilma recebeu os três novos comandantes separadamente ontem em seu gabinete. A posse dos novos comandantes ainda será marcada e os nomes foram anunciados por nota oficial do Planalto, à noite, com agradecimento à “competência e dedicação” de Dilma a Juniti Saito, Peri e Moura Neto.
A partir de hoje, o novo ministro da Defesa iniciará uma visita às três forças, começando pela Aeronáutica, quando ouvirá palestras dos antigo e novo comandantes.

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