Soldado atira para o alto em conflito na Maré .

7 Abr 2014

Ocupação do Compexo da Maré por tropas das Forças Armadas neste sábado

Exército usa gás de pimenta para conter tumulto entre moradores de favelas controladas por facções rivais

ANA CLAUDIA COSTA


O comandante da Força de Pacificação que atua no conjunto de favelas da Maré, general de brigada Roberto Escoto, reconheceu ontem que ainda há traficantes escondidos nas comunidades. O militar disse que está tendo que enfrentar a desconfiança e a distância de quem mora na região, e que terá que trabalhar muito para conquistar a população dessas favelas. Ontem, numa tentativa de se aproximar dos moradores, homens do Exército distribuíram panfletos pedindo a colaboração da população, e circularam na região em um carro de som, anunciando a chegada da Força de Pacificação.
— Sabemos que alguns traficantes já abandonaram a área e que outros ainda continuam por aqui. É um local difícil com três facções criminosas. Estamos aqui restabelecendo a presença do Estado, e vamos conquistar a Maré, dia após dia, de forma progressiva. O medo e o terror que moradores tinham de traficantes serão rompidos pela pacificação — afirmou o general Escoto.

CLIMA TENSO EM RUAS E VIELAS

Ontem, o clima era tenso em ruas e vielas da Maré. A rivalidade das comunidades que pertenciam a facções criminosas diferentes ainda imperava na região. No início da manhã, militares do Exército tiveram que efetuar três disparos de advertência para o alto e utilizar gás de pimenta para conter um tumulto de moradores da Favela Nova Holanda.
O grupo reclamava da demora do socorro para Cláudio Brum dos Reis, de 22 anos. O homem, que mora na Nova Holanda e havia saído do presídio há dois meses, foi espancado por rivais da Baixa do Sapateiro e jogado em um valão, nos fundos da Vila Olímpica. Moradores reclamaram que a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), acionada por militares do Exército, demorou. O grupo chegou a cogitar fechar a Linha Vermelha, para conseguir um carro e levar o ferido para o hospital. A tentativa de entrar na via expressa foi impedida por soldados do Exército.
Nas proximidades da Vila Olímpica, na localidade conhecida como Divisa, mesmo com a presença de militares, moradores evitavam falar. Um homem, que não se identificou, disse que eles estão proibidos de falar com a imprensa ou com homens do Exército, sob a ameaça de serem castigados pelo tráfico. Em toda a Maré, apesar dos carros das Forças Armadas circulando, o que vigora é a lei do silêncio.
— Não posso nem ficar perto da imprensa. Eles (os bandidos) ainda estão aqui e nos proibiram de falar. Não quero ser punido — disse um morador. 

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