Petrobras, a estatal loteada : veja os Padrinhos

Petrobras, a estatal loteada
A empresa, que está no epicentro da crise em torno da criação de uma CPI no Congresso, é comandada,basicamente, por PT, PMDB, PP e PTB. Esses partidos querem evitar que uma comissão parlamentar investigue desmandos na companhia Paulo de Tarso Lyra Amanda Almeida
Loteada politicamente pelo PT para atender os próprios companheiros e amigos de outros partidos aliados, a Petrobras tem um peso orçamentário incomparável em relação aos mais cobiçados cargos da Esplanada dos Ministérios. Responsável pela maior parte dos recursos que sustentam o Programa de Aceleração do Crescimento(PAC), a estatal e suas subsidiárias, inclusive as do exterior, têm uma previsão de investimentos, para este ano, na ordem de R$ 84,1 bilhões, quase seis vezes mais do que o mais atraente dos ministérios — Transportes, com R$ 15 bilhões. Apenas a Petrobras, principal empresa da holding, tem um caixa de R$ 63 bilhões.
No xadrez político, os comandantes desse universo são, basicamente, o PT, o PMDB, o PP e o PTB, o que
explica a reação do Planalto à criação da CPI. Para amenizar os ataques ao loteamento, os partidos escolheram
nomes com currículo e história dentro da empresa. O perfil técnico é mantido, mas, para galgar os cargos mais al
tos da  administração e ocupar postos de comando, não basta ser competente: é preciso ter um padrinho forte.
Como principal partido no condomínio presidencial, o PT passou a dar as cartas nos cargos mais atraentes desde
que ascendeu ao poder, em janeiro de 2003.
 Em 2012,a presidente Dilma Rousseff resolveu promover uma
reformulação na estrutura da empresa. Na presidência da Petrobras, Sérgio Gabrielli, um petista próximo ao ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi substituído por Maria das Graças Foster, ligada diretamente
a Dilma.
Graça Foster, como é chamada, teve poder para nomea
r três diretores de sua cota pessoal, sem vinculações partidárias: José Alcides Santoro Martins (Gás e En
ergia), José Miranda Formigli Filho (Exploração e Produção) e José Antonio de Figueiredo (Engenharia, Tecnologia e Materiais). Gabrielli manteve a influência para indicar o petista Almir
Guilherme Barbassa, atual diretor Financeiro e de Relação com os Investidores.
Já o diretor de Abastecimento, José Carlos Consenza, é fruto de um consórcio composto por PT, PMDB e P
P. É o mesmo modelo de apadrinhamento de outros dois nomes muito citados ao longo da semana que passou: Paulo
Roberto Costa, ex-diretor da estatal, que está preso após investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Fede
ral; e o ex-diretor financeiro da BR distribuidora Nestor Cerveró, exonerado por ter elaborado um parecer                           “falho” para subsidiar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas.
O poder de uma canetada na Petrobras é gigantesco.
“Um executivo de médio escalão tem capacidade de aprovar orçamentos de R$ 200 milhões. Por isso, as vagas são tão disputadas”, confirmou um senador que conhece a fundo o processo de loteamento da estatal. “Não há
problema em ser um técnico com indicação política.
O problema é quando o servidor abdica dos interessas da empresa e passa a atender aos interesses do padrinho políti
co ou dalegenda que o indicou”, completou um petista que tem livre trânsito na Petrobras.
Subsidiárias Se na Petrobras as indicações políticas parecem ter perdido um pouco a força, nas duas principais subsidiárias aprática continua latente. Na BR Distribuidora, após a exoneração de Cerveró, a diretoria financeira passou a sera cumulada interinamente pelo presidente, José Lima de Andrade Neto, resultado de uma parceria entre o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e o senador Fernando Collor (PTB-AL). Collor ainda tem outros dois apadrinhados na empresa: o diretor da Rede de Postos de Serviço, Luis Alves de Lima Filho, e o diretor de Operações e Logística, Vilson Reichemback. “O PTB não tem nada a ver com isso. Foram duas indicações negociadas diretamente entre Lula e
Collor”, esquivou-se um integrante da cúpula petebista, tentando lavar as mãos diante da possibilidade
de qualquer problema futuro.
A Transpetro, contudo, é linearmente atrelada ao PMDB do Senado. O presidente é o ex-senador peemedebista
Sérgio Machado, indicado para o cargo pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Não por acas
o, Renan é o principal articulador do governo no Congresso para brecar a CPI, sendo apontado como o mentor da pro
posta de ampliar o escopo das investigações para fustigar os pré-candidatos do PSDB à Presidência, senador Aéci
o Neves (MG), e do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Machado indicou pessoalmente todos os demais direto
res: Nilson Ferreira Nunes Filho (Transporte Marítimo);
Paulo Penchiná Cortines Pereira (Terminais e Oleodutos); Rubens Teixeira da Silva (Financeiro e Administrativo) e
Cláudio Ribeiro Teixeira Campos (Gás Natural). Em uma relação de causalidade, Renan dá as cartas na BR
Distribuidora.
Prestígio decrescente Além dos ataques sofridos em relação à nebulosa aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas, comprada pela empresa belga Astra Oil em 2005 por US$ 42,5 milhões e adquirida em sua totalidade pela Petrobras, em
2012, por US$ 1,12 bilhão, a Petrobras ainda amarga um prejuízo crescente, que a tirou do rol das maiores empresas d
o mundo.
“Foster é bem-intencionada, mas não foi tão boa gerente, confidenciou um parlamentar petista.
Os donos da bomba: 

Saiba quem são os padrinhos dos principais executivos da rede Petrobras:
Petrobras
Maria das Graças Foster — presidente, e acumula, interinamente, a diretoria internacional
Quem indicou: Dilma Rousseff
Almir Guilherme Barbassa — diretor Financeiro e de Relações com os Investidores
Quem indicou: José Sérgio Gabrielli (petista, ex-presidente da estatal)
José Miranda Formigli Filho — diretor de Exploraçãoe Produção
Quem indicou: Maria das Graças Foster
José Alcides Santoro Martins — diretor de Gás e Energia
Quem indicou: Maria das Graças Foster
José Carlos Consenza — diretor de Abastecimento
Quem indicou: indicação conjunta PT-PMDB e PP da Câmara José Antônio de Figueiredo — diretor de Engenharia,Tecnologia e Materiais 
Quem indicou: Maria das Graças Foster
Nome: José Eduardo de Barros Dutra — diretor Corporativo e de Serviços
Quem indicou: PT
BR Distribuidora José Lima de Andrade Neto — presidente, e interinamente, diretor financeiro
Quem indicou: Edison Lobão (ministro de Minas e Ene
rgia) e Fernando Collor (senador pelo PTB-AL)
Luis Alves de Lima Filho — diretor de Rede de Postos de Serviço
Quem indicou: Fernando Collor (senador pelo PTB-AL)
Vilson Reichemback da Silva — diretor de Operaçõese Logística
Quem indicou: Fernando Collor (senador pelo PTB-AL)
Andurte de Barros Duarte Filho — diretor de Mercado Consumidor
Quem indicou: bancada do PT da Câmara
Transpetro José Sérgio de Oliveira Machado — presidente
Quem indicou: Renan Calheiros (presidente do Senado e senador pelo PMDB-AL)
Nilson Ferreira Nunes Filho — diretor de Transporte Maritmo
Quem indicou: Sérgio Machado (ex-senador do PMDB)
Paulo Penchiná Cortines Pereira — diretor de Terminais e Oleodutos
Quem indicou: Sérgio Machado (ex-senador do PMDB)
Rubens Teixeira da Silva — diretor Financeiro e Administrativo
Quem indicou: Sérgio Machado (ex-senador do PMDB)
Cláudio Ribeiro Teixeira Campos — diretor de Gás Natural
Quem indicou: Sérgio Machado (ex-senador do PMDB)Orçamentos
 
Conheça a previsão orçamentária da Petrobras de suas subsidiárias para investimento este ano
Petrobras R$ 63,059 bilhões
Petrobras Netherlands B.V. R$ 11,07 bilhões
Refinaria Abreu e Lima R$ 4,8 bilhões
Transpetro R$ 2,25 bilhões
Petrobras Internacional Braspetro R$ 1,3 bilhão
BR Distribuidora R$ 912,9 milhões
Transportadora Associada de Gás R$ 439,2 milhões
Liquigás R$ 130 milhões
Transportadora Brasileira Gasoduto Brasil-Bolívia R$ 64 milhões
Gás Brasiliano Distribuidora R$ 23,2 milhões
Petrobras Biocombustível R$ 20,2 milhões
Companhia Petroquímica de Pernambuco R$ 7,3 milhões
Petrobras Logística de Exploração e Produção R$ 112 mil

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